Especialistas contestam os benefícios do alongamento pré-atividade física.
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Especialistas contestam os benefícios doalongamentopré-atividade física.
“A maioria das pessoas acha que oalongamentoresolve os problemas da humanidade”, diz Julio Serrão, coordenador do laboratório de Biomecânica da escola de Educação Física da Universidade de São Paulo (USP). Propagada há muito tempo como protetora de lesões, oalongamentofoi preconizado a muitos atletas para antes e depois das atividades físicas – teoria que caiu por terra depois que alguns estudos mostraram que não é bem assim.
De acordo com o especialista emflexibilidadeAbdallah Achour (http://www.flexibilidade.com.br/), de Londrina (PR), há dois tipos dealongamento: o estático, que vai até uma determinada posição, permanece alguns segundos e retorna à posição original; e o dinâmico, no qual se vai para a posição dealongamentolentamente e, sem parar, retorna lentamente. “Também pode-se acoplar os dois métodos, começando estático, permanecendo pouco tempo e dando continuidade no dinâmico”, ensina.
Segundo Serrão, oalongamentoé um tipo de exercício que ajuda aflexibilidade, uma capacidade importante dos seres humanos, mas contesta que a discussão sobre seu uso para melhorar o desempenho ou a dor tardia não são verdades. “Na rotina de treinamento, quando o atleta quer ganharflexibilidade, oalongamentopode ser usado, mas é importante destacar que outras práticas esportivas também levam ao ganho deflexibilidade, como o trabalho de força, com exercícios de amplitude de movimento”, explica.
“Há mais de 100 estudos apontando que, antes do esporte, oalongamentoreduz até 5% da força e da velocidade máximas, mas esses estudos colocam um tempo exorbitante noalongamento. Se alguém ficar um minuto e meio, dois minutos numalongamento, vai mesmo perder força e velocidade, mas na prática ninguém faz isso. As pessoas ficam, no máximo, 10, 20 segundos”, contesta Achour. Para a saúde, para adquirirflexibilidade, o especialista de Londrina conta que não há problemas em fazeralongamentospor 90 segundos, 120 segundos, mas para quem vai praticar.
Alongamento: antes ou depois?
Parte de uma estratégia de qualidade de vida saudável, oalongamentonão precisa ser deixado de lado, mas “ele não pode ser feito pré-atividade física”, alerta o especialista em Biomecânica da USP, que explica que há diversos estudos que mostram que, quando umalongamentomuito intenso é feito antes do exercício, perde-se a capacidade de gerar força, o que pode ser complicado para quem precisa dela para controlar choque mecânico. “Um atleta que vai correr precisa da força dos músculos para evitar traumas articulares. Se ele fadiga o músculo com umalongamentointenso, fica mais vulnerável”, diz Serrão.
Aflexibilidadeajuda na postura e na irrigação sanguínea, levando oxigênio às fibras musculares e diminuindo os produtos tóxicos. Por desenvolver essa capacidade, oalongamentoé sempre bem-vindo, exceto em pessoas que estejam com alguma inflamação aguda. “Mas não há relação entre lesão ealongamento. Nem antes, nem depois, ele não previne lesões e nem a dor tardia. Não há evidência experimental que suporte essa relação. Dizer que vai alongar pra não ficar dolorido é ato de fé”, critica Serrão, que afirma que se o atleta se esforçou muito na atividade física, ao fazer umalongamentointenso pós-exercício vai forçar ainda o organismo, podendo colaborar com o surgimento de algum dano.
Não é apenas oalongamentoque previne lesões, segundo Achour. Além disso, é importante destacar que aquecimento não é apenasalongamento, mas sim oalongamentopraticado junto da atividade cardiorrespiratória. Assim, um atleta que tiver dificuldades pra se alongar pode, segundo o especialista de Londrina, fazer uma atividade aeróbia prévia para sentir as mudanças.
“Ao menos uma vez por semana, quem não tiver muitaflexibilidade, pode fazer um treino um pouco maior emalongamento, mas o profissional de Educação Física deve, antes de prescrever esse treino, verificar todas as articulações antes”, diz Achour, que dá cursos e palestras sobre o tema.
PorJornalismo Portal EF
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