Esportista que costuma tomar suplemento de cafeína para melhorar a performance não precisa mais abrir mão do cafezinho
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Já se sabe que, ingerida como suplemento, a cafeína é capaz de melhorar a performance de atletas. Um novo estudo, porém, derruba o mito de que o consumo habitual de café atrapalha o desempenho esportivo daqueles que já usam cafeína como suplemento. Pesquisa feita com ciclistas na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP mostrou que tanto baixos e altos consumidores habituais da bebida como quem não a consumia mantiveram semelhante desempenho físico quando tomavam cafeína em sua forma de suplemento.
Os resultados sugerem que o atleta não precisa mais abrir mão dos prazeres do cafezinho em seu dia a dia para obter êxito nos treinos e nas competições, como se pensava até o momento, explica Bruno Gualano, fisiologista e coordenador da pesquisa. Isso porque era comum achar que pessoas que tinham o hábito de consumir café poderiam ter baixo rendimento físico caso fizessem suplementação de cafeína. Em períodos que antecediam competições, inclusive, os esportistas deixavam ou diminuíam o consumo de café porque ficavam preocupados com o desempenho.
Na verdade, muitas vezes isso acabava trazendo outros prejuízos aos competidores pela síndrome de abstinência da cafeína no organismo (dor de cabeça, mal-estar, sonolência, entre outros sintomas).
Como foi feito o estudo:
Realizada com 40 ciclistas que tinham o objetivo de completar uma prova de 16 km, a proposta da pesquisa de Gualano era investigar os efeitos da ingestão habitual de cafeína nas respostas ao suplemento de cafeína no exercício aeróbio. Assim, uma parte dos ciclistas foi suplementada com cápsulas de cafeína (6 mg por quilo de cafeína), enquanto outra parte ingeriu cápsulas de placebo uma hora antes da realização da atividade física.
Os participantes foram então divididos em três grupos, de acordo com a frequência de consumo de alimentos que continham cafeína – no primeiro, os ciclistas tinham o hábito de tomar cerca de 6 a 8 xícaras de café por dia; no segundo grupo, bebiam de 2 a 3 xícaras diárias; e no terceiro, não tomavam café.
Como resultado, Gualano verificou que todos os participantes tiveram melhora em seu desempenho, independentemente do quanto tomavam café em seu dia a dia. Ou seja, os efeitos do desempenho da suplementação aguda de cafeína (6 mg por quilo de café dia) não foram influenciados pelo nível de consumo habitual de café.
O pesquisador alerta, no entanto, para a necessidade de mais estudos do tipo, que envolvam participantes também do sexo feminino, com diferentes idades e diferentes graus de condicionamento físico. No grupo estudado, todos eram jovens do sexo masculino e praticantes intensos daquela modalidade esportiva.
O artigo Dispelling the myth that habitual caffeine consumption influences the performances responses to acute caffeine supplementation foi publicado no Journal of Applied Physiology, sendo repercutido amplamente na mídia internacional, incluindo o jornal The New York Times.
Além de Bruno Gualano, assinam o artigo Lívia de Souza Gonçalves, Vitor de Salles Painelli, Guilherme Yamaguchi, Luana Farias de Oliveira, Bryan Saunders, Rafael Pires da Silva, Erika Maciel, Guilherme Giannini Artioli e Hamilton Roschel.
Matéria original publicada no Jornal da USP
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