Por exemplo, os músculos ao redor da coluna trabalham o dia todo sustentando o tronco. Então, para treiná-los o ideal é um exercício que se aproxime de sua função, nesse caso um exercício mais leve e isométrico e não um exercício explosivo, que em nada se parece com a ação mais natural do músculo e, portanto, tem pouca especificidade.
Essa ideia vale para todo corpo. No caso dos corredores, quanto mais o exercício se parecer com o trabalho que o músculo executa na corrida (quanto maior a especificidade) melhor será o resultado do tratamento.
A especificidade se mostrou útil recentemente até para descobrir a causa de lesões na corrida. Um grupo de pesquisadores europeus procurou entender um dos fatores que levam a dor anterior no joelho. Ela está relacionada a fraqueza do músculo glúteo médio, porém os resultados de pesquisas sobre o assunto são pouco conclusivos. O que essa pesquisa fez de diferente e inovador foi testar a força do músculo especificamente da maneira que ele funciona na corrida: freando o movimento (ação excêntrica). Eles acompanharam 629 corredores por um ano, e descobriram que aqueles que tinham fraqueza na ação excêntrica do músculo glúteo médio tiveram maior risco de desenvolver a dor anterior no joelho.
De uma forma geral, músculos posturais devem ser treinados com exercícios leves e com manutenção mais prolongada da contração. Nessa categoria entram por exemplo os músculos que sustentam a coluna e o arco do pé. Já grupos musculares que tem como principal função grandes movimentos, como o bíceps do braço que dobra o cotovelo e o tríceps da perna, que forma a panturrilha, devem ser trabalhados com exercícios mais explosivos e com maior carga.
Juntamente com a repetição do estímulo, a especificidade é uma das chaves para o aprendizado motor e deve ter nosso cuidado e atenção.
Matéria publicada no site Globo.com
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