Muito populares até a década de 1990, os jogos tradicionais escolares passaram por mudanças significativas ao longo dos anos.
Os avanços tecnológicos, a ascensão dos jogos eletrônicos e até a falta de tempo disponível, fez com que as crianças deixassem de lado as brincadeiras ao ar livre.
Porém, ainda assim, eles são bastante importantes para a formação das crianças. “Os jogos tradicionais infantis são manifestações culturais acumuladas ao longo da vida das pessoas, presentes no meio social do qual a criança faz, ou fazia, parte, seja nas ruas, nos parques, nas praças, etc.”, explica especialista em Educação Física Escolar, Mérie Hellen da Costa e Silva.
Apesar de terem passado por mudanças significativas ao longo do século XX, muitas de suas características ainda se mantém até hoje. “Por fazerem parte da cultura popular, essas atividades apresentam estreita relação com o folclore, expressam a produção de um povo em uma determinada época e sempre estão em transformação, incorporando criações anônimas de geração para geração”, afirma Tiago Aquino, diretor da Kids Move Fitness Programs e da S&P Produções em
Entretenimento. Ele diz que as principais características que definem um jogo tradicional são tradicionalidade, transmissão oral e universalidade. “Como são transmitidos pela oralidade, cria-se uma dificuldade em rastrear a origem de muitos deles”, afirma.
Jogos no Brasil
A formação das brincadeiras tradicionais brasileiras como são conhecidas aconteceu por causa da miscigenação, ou seja, ela possui três influências. “A influência portuguesa veio com os primeiros colonizadores, que trouxeram com eles o folclore lusitano, incluindo os contos, histórias, lendas e superstições”, conta Tiago. Os jogos tradicionais como bolas de gude, pião, jogo de botão e amarelinha, por exemplo, são de origem portuguesa.
As influências africanas vieram com os escravos, que trouxeram seu folclore cheio de estórias de bichos para o Brasil. “As crianças negras nos engenhos de açúcar na época da escravidão brincavam de faz de conta, destacando as atividades do cotidiano. A cultura infantil preserva brincadeiras com tais influências, como chicotinho, quente e frio, batata quente e jogo do belisco”, afirma Mérie.
Já as influências indígenas trouxeram para essas brincadeiras o hábito de imitar os adultos. “As atividades realizadas pelos pequenos não eram simples passatempo, mas atividades educativas que os preparavam para a vida adulta. As meninas, desde pequenas, acompanhavam e auxiliavam as mães nas tarefas domésticas, por isso não tinham muito tempo para o lúdico”, explica Tiago.
Tradicional X Tecnológico
Atualmente, o grande desafio do profissional que trabalha com o público infantil é fazer com que essas brincadeiras, que não possuem nenhum apelo tecnológico, ainda despertem interesse e curiosidade nas crianças. “Reviver os jogos tradicionais de outros tempos ou construir e recriar brinquedos são fatores importantes para a facilitação da vivência lúdica da criança”, diz Mérie. Por isso, é tão importante que a criança saiba mais sobre essas atividades. Com a diminuição do espaço físico para brincadeiras, seja por conta da violência, ou por conta das transformações urbanas, e com a escassez de tempo livre, o aluno só tem a possibilidade de ter contato com este tipo de cultura por meio do educador, por isso é tão importante aproveitar as oportunidades para que as crianças possam aprender e repassar essas atividades de outros tempos.
Por Jornalismo Portal EF
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