sexta-feira, 26 de maio de 2017

A OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA

Artigo do Prof. Dr. André Lopes discute a polêmica decisão de proibição da venda de bebidas açucaradas para crianças


Ao ler uma publicação sobre a proibição da venda das bebidas açucaradas nas escolas tive a curiosidade de saber mais sobre o assunto. Então consultei um amigo que é um grande profissional da área da nutrição, o Prof. Rodrigo Macedo e fiz a seguinte pergunta: Rodrigo, tu acredita que essa decisão sobre a proibição da venda de bebidas açucaradas para crianças foi assertiva?

Ontem foi publicada nota à imprensa e sociedade que grandes marcas de refrigerantes deixarão de vender estes produtos em escolas para crianças de até 12 anos. Com certeza um claro sinal da maior (mas ainda não totalmente clara) percepção dos graves problemas de saúde ocasionados pelo grande e frequente consumo de bebidas ricas em açúcar (1).

Infelizmente, pesquisadores que estudam o efeito do consumo deste tipo de bebida e obesidade infantil/adolescência ainda são patrocinados pela indústria (2). Claramente, com objetivo de distorcer a realidade e são/foram duramente criticados por autores mais “sérios e renomados” no campo da obesidade (3). Independente disso, fortes evidências apontam para associação entre a ingestão de bebidas ricas em açúcar com maiores taxas de ganho de massa corporal e, consequentemente, doenças crônicas (4).

Em recente publicação, foi verificado a relação entre IMC na adolescência e risco de morte na vida adulta. Para isso, foram examinados 2 MILHÕES E 300 MIL voluntários, de 1967 a 2010. Foi observado que indivíduos que tiveram IMC >p95 (obesidade) na adolescência, possuíram um risco 346% maior de morte por doenças cardiovasculares na vida adulta (5). Por isso, é fundamental o controle do ganho de peso e obesidade, desde a infância, a fim de promover qualidade de vida à população e evitar grandes gastos com saúde pública no futuro. Atualmente é sugerido o aumento de impostos nos refrigerantes e bebidas ricas em açúcar com objetivo de reduzir consumo (6), bem como foi realizado com tabaco/cigarro.

Seria isso eficiente e suficiente? Deixe sua opinião sobre o assunto.

Referências

(1) Vartanian, LR et al. Effects of Soft Drink Consumption on Nutrition and Health: A Systematic Review and Meta-Analysis. Am J Public Health. 2007
(2) Forshee, RA et al. Sugar-sweetened beverages and body mass index in children and adolescents: a meta-analysis. Am J Clin Nutr 2008
(3) Malik, VS et al. Sugar-sweetened beverages and BMI in children and adolescents: reanalyses of a meta-analysis. Am J Clin Nutr 2009
(4) Malik, VS et al. Sugar-sweetened beverages and weight gain in children and adults: a systematic review and meta-analysis. Am J Clin Nutr 2013
(5) Twig, G et al. Body-Mass Index in 2.3 Million Adolescents and Cardiovascular Death in Adulthood. N Engl J Med 2016
(6) Brownell,KD et al. The Public Health and Economic Benefits of Taxing Sugar-Sweetened Beverages N Engl J Med 2009
(Fontes: Dr. Andre Lopes – PhD em Ciências do Movimento Humano – UFRGS e Prof. Rodrigo Macedo – Nutricionista)

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