quinta-feira, 25 de maio de 2017

A MULHER E AS LUTAS: OS FATORES QUE ESTÃO CONQUISTANDO O PÚBLICO FEMININO

Há alguns anos, as academias tinham seus ambientes bem divididos: aulas de ginástica localizada para as mulheres; lutas, musculação pesada e atividades de maior contato para os homens.



Há alguns anos, as academias tinham seus ambientes bem divididos: aulas de ginástica localizada para as mulheres; lutas, musculação pesada e atividades de maior contato para os homens.
Musculação, bike e localizada vão ter sempre público cativo nas academias. A diferença é que, agora, as mulheres estão aderindo a opções mais agressivas contra as gordurinhas e a favor de um corpo desenhado: as aulas de boxe, muay thai, MMA e outras lutas que antes eram dominadas pelos rapazes.

De fora, as atividades parecem truculentas e, apesar de às vezes renderem uma canela roxa, a ideia não é se machucar, nem mostrar que é mais forte que a adversária. Emagrecer, relaxar e conquistar mais saúde e emancipação são os principais benefícios de quem decide ir à luta.
A maioria das atividades exige avaliação física prévia na própria academia, mas o treinador profissional e professor Élcio Marques Bueno alerta: “Quem sente dores nos joelhos ou coluna deve procurar a orientação de um ortopedista ou reumatologista antes de começar a praticar lutas ou qualquer atividade física”, recomenda.

De acordo com o especialista, o boom das lutas nas academias brasileiras ocorreu pela fama de grande queimador de calorias: “As mulheres adoram novidades que inovam a rotina e ainda proporcionam saúde e segurança. Foi o que ocorreu com as modalidades de lutas nas academias e ginásios esportivos. Em uma aula de boxe, em que você corre e pula corda para aquecer, salta e movimenta braços e tronco, gastam-se perto de 800 calorias, número que salta aos olhos femininos”.
Ganhou também relevância um estudo recente da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, que revelou que exercícios intensos, que trabalham ao máximo o aproveitamento de oxigênio pelo organismo, prolongam a queima de energia por até 14 horas após a prática da atividade física: “Cada movimento chega a ser repetido mais de 100 vezes em uma aula, o que aumenta o gasto calórico e contribui para definir os músculos. Além do mais, alguns estudos revelaram que atividades como as lutas continuam a consumir oxigênio e a queimar calorias mesmo no período de repouso. Conclusão: as aulas bombaram”, fala Élcio.

A lista de benefícios provenientes da prática de lutas é imensa. O especialista garante: ”Quem começa a praticar luta, em qualquer modalidade, não para mais. Os benefícios são inúmeros, a curto e a longo prazos: há aumento da coordenação motora, melhora no fluxo sanguíneo, maior elasticidade muscular, agilidade motora, imunidade etc.”

Élcio ressalva, porém, que “preparar o corpo para realizar atividades pesadas é essencial para manter a qualidade do exercício. Os movimentos exigem uma forte preparação física e muito trabalho cardiovascular. Tudo deve ser muito bem observado, avaliado por profissional e, só se tudo estiver bem, os treinos podem ser iniciados. Calma e persistência fazem parte da rotina de quem deseja lutar”, completa.

Homens e Mulheres

Os treinos de homens e mulheres são, na maioria dos casos, equiparados. As academias costumam dividir a rotina de treinos em “padrão” e “sob medida”, que leva em conta a capacidade física do aluno.

O professor afirma: “Eu costumo dividir de maneira igualitária os treinos entre homens e mulheres. Não há distinção de gênero mas, sim, de capacidade e rendimento. A anatomia feminina impõe certos limites que temos que respeitar, por isso a evolução das mulheres segue seu ritmo próprio, variando muito de lutadora para lutadora e de modalidade para modalidade”.
Entre as modalidades mais procuradas pelas mulheres estão o boxe, muay thai e jiu jitsu, grandes queimadores de caloria, que proporcionam a tão sonhada forma física, acrescida de flexibilidade e torneamento. A ascensão entre os homens é o MMA, prática despertada pelos combates UFC.
Atleta brasileira faz bonito no jiu jitsu

O Brasil possui grandes representantes femininas em diversas modalidades de luta. Conversamos com Talita Andrea Nogueira, 5 vezes Campeã Brasileira de Jiu-Jitsu (2007/2008/2009/2010/2011), conhecida nos bastidores como Talita Treta.
Portal: Que razão a levou a optar pela luta?
Treta: Na verdade, aconteceu! Sempre fui uma menina muito “levada” e uns amigos meus, sabendo disso, me chamaram para treinar MMA. Logo fui para o jiu jitsu e desde então nunca mais parei. É minha paixão.

Portal: Por que escolheu o jiu jitsu? Quais os atrativos dessa modalidade?
Treta: Eu costumo falar que o jiu jitsu é apaixonante. São poucas pessoas que eu conheço que começam a treinar e não gostam. As que ficam, viciam. Foi o que aconteceu comigo. Acho o jiu uma modalidade completa, que começa com o clima gostoso dentro da academia. Outro fator muito legal é que todos podem treinar. Hoje dou aulas numa ONG para crianças com deficiência neuromotor e o jiu jitsu vem ajudando muito no crescimento delas. Elas amam lutar!
Portal: Quais as principais mudanças que percebeu no corpo em relação à prática de outras atividades esportivas?

Treta: Toda vez que você pratica um esporte, principalmente profissional, você toma mais cuidado com sua alimentação, descanso do corpo, etc. Você acaba tendo uma maior preparação. Você treina mais e isso não muda só seu corpo, muda sua vida. É o equilíbrio do corpo e da mente.
Portal: Quais os principais benefícios da luta?

Treta: Você aprende a controlar sua mente, conhecer seus limites e seu corpo. Aprende a hierarquia que existe dentro do esporte e a respeitar o próximo, o seu companheiro. Poderia ficar até amanhã falando dos benefícios.
Portal: Como as mulheres reagem quando sabem que você pratica Jiu Jitsu? Você sofre algum tipo de preconceito?

Treta: Nunca tive problema com isso, pelo contrário, todos acham bem legal e, hoje, o número de mulheres treinando é bem grande. Dentro das academias temos professoras, advogadas, estudantes, donas de casa. Tem esporte para todos e para todas as idades. Algumas mulheres ainda pensam duas vezes antes de fazer por ser uma luta agarrada, ou até mesmo porque sofrem represálias do marido. Depois que se conhece melhor a luta, percebe-se que não tem nada a ver. Existe muito respeito ali dentro!

Portal: Quais os cuidados que a mulher deve ter em relação a lesões?
Treta: Para falar a verdade, eu vejo poucas mulheres que treinam por “lazer” se lesionarem na academia. Nós, que somos profissionais e treinamos muito, acabamos sofrendo lesões como todo atleta sofre. É normal, pois estamos sempre querendo superar nossos limites. Do corpo e da alma.

Por Jornalismo Portal EF

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