domingo, 29 de outubro de 2017

PRÁTICA ESPORTIVA É O MAIOR ALIADO NO COMBATE AO ESTRESSE

Entenda como desenvolver estratégias de desenvolvimento de resiliência, coping, e ajude alunos e atletas a melhorar e se adaptar aos mais diversos contextos


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A palavra “estresse” tem origem na palavra inglesa “stress” e significa “pressão”, “tensão” ou “insistência”. O interesse médico pelo estresse remonta a Hipócrates (470-377 a.C) mas, somente em 1929, com os trabalhos do fisiologista Walter Bradford Cannon, é que o estresse passou a ser compreendido como um fenômeno relacionado à interação corpo-mente.

Foi o pesquisador Hans Selye quem ao longo de quatro décadas de pesquisas (1936 -1976) ampliou os trabalhos de Cannon atendo-se à dimensão biológica do estresse. Ele definiu estresse como um conjunto de reações fisiológicas necessárias para a adaptação a novas situações. Sua pesquisa submeteu cobaias a estímulos estressores e observou – se um padrão específico na resposta comportamental e física dos animais. Para Samulski et cols.(1996) Selye foi influenciado por Cannon considerando que o eixo hipófise – córtex – supra renal seria a base da reação do estresse endócrino.

Selye cunhou o termo Síndrome Geral de Adaptação (SGA), um conjunto de respostas não específicas do organismo e que desenvolve-se em três fases:

1) Fase de alarme – caracterizada por manifestações agudas decorrentes da ativação do sistema nervoso simpático em que o corpo fica pronto para enfrentar o desafio;

2) Fase de resistência – onde o corpo mantém-se ativado, de forma a permanecer com seus recursos disponíveis para o embate enquanto as manifestações agudas progressivamente desaparecem;

3) Fase de exaustão- quando há a volta das reações da primeira fase tornando-se mais vulnerável e pode haver o colapso total do organismo .

A literatura científica afirma a muito tempo que a Psicologia do Esporte vem estudando o estresse com o intuito de minimizar os seus efeitos negativos e otimizar a performance dos atletas. Mas, não se pode afastar os efeitos positivos quanto há um controle adequado dos estímulos. A partir deles pode-se desenvolver estratégias de desenvolvimento de resiliência, coping, melhorar com os atletas reagem e se adaptam aos estímulos. Esse controle e adequação dos estímulos conduzirão os atletas na busca de encontrar as zonas ótimas de desempenho. O fator crucial para determinar a qualidade do desempenho esportivo é a capacidade dos atletas em lidar com o estresse. Se o atleta for treinado para identificar as fontes de estresse em seu ambiente esportivo, certamente ele estará mais bem preparado para enfrentar as diferentes situações de pressão emocional existentes na competição.

Já pensou nisso?

Sabemos que para lidar melhor com o estresse é fundamental que o atleta conheça as suas emoções nos diferentes contextos em que ele se expõe. É essencial que os atletas sejam capazes de identificar e analisar suas emoções, adaptando-se a cada situação em busca de um bom desempenho na competição (LAVOURA e MACHADO, 2006). O estado psicológico do atleta é fator determinante para o seu máximo rendimento, pois toda ação motora está diretamente relacionada ao estado emocional do indivíduo. Para de Rose Junior (2002) a competição em qualquer modalidade é uma fonte de estresse. Segundo este autor o estresse é endêmico ao meio competitivo.

Para Samulski (2002) quando um atleta é incapaz de lidar com as situações estressantes presentes no contexto esportivo podem ocorrer queda dos níveis de autoconfiança, pensamentos negativos e aumento da ansiedade, interferindo diretamente na sua performance.

Quando os atletas aprendem a ter maior consciência de seu corpo e a desenvolver auto regulação maiores serão as possibilidades de gerenciamento do estresse e de se tornarem mais resistentes ao estresse… O inverso também é verdadeiro, ou seja, quanto menor for a consciência corporal e a auto regulação maior serão os níveis de estresse e maiores serão as chances de lesões para atletas.

Auto regulação é a palavra chave: analise os diferentes contextos onde se manifesta o estresse e quais são as reações e percepções frente aos fatores intrínsecos (pessoais) e extrínsecos (ambientais) envolvidos tanto no treinamento quanto na competição.

Controle as condições: descanso suficiente, desenvolvimento de técnicas de relaxamento e de ativação. Por fim, forme uma equipe multidisciplinar composta de preparador físico, técnico, psicólogo e nutricionista que conheçam profundamente os aspectos de regulação externa, sendo capazes de definir uma periodização com metas adequadas, motivação dos atletas, comunicação efetiva e emprego de técnicas de psico regulação.

Nesse sentido responda agora, qual seria o estado psicológico ótimo de um atleta?

Referências
LAVOURA, T. N. e MACHADO, A. A. Esporte de aventura de rendimento e estados emocionais: relações entre ansiedade, autoconfiança e auto-eficácia. Motriz, Rio Claro, v. 12, n. 2, p. 143-148, mai./ago. 2006.
ROSE JUNIOR, D. de, DESCHAMPS, S. e KORSAKAS, P. Situações causadoras de “stress” no basquetebol de alto rendimento: fatores competitivos. Revista paulista de Educação Física, São Paulo, 13(2): 217-29, jul./dez. 1999.
SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte – manual para a Educação Física, Psicologia e Fisioterapia. Barueri: Manole, 2002.

Prof. Esp. Roberto Trindade– Formado em Turismo, Psicologia e Educação Física. Pós-Graduado em Psicologia do Esporte e Esportes de Aventura. Email: trindade_scuba@hotmail.com
Prof. Dr. Flávio Rebustini– Doutor em Desenvolvimento Humano e Tecnologias (UNESP – RC). Coordenador da Pós em Psicologia do Esporte da Universidade Estácio

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