segunda-feira, 30 de outubro de 2017

PARA TREINADORES: SEGREDOS PARA EQUILIBRAR O PESO DE ATLETAS DE ALTO RENDIMENTO

Por inúmeros fatores, a balança pode ser um grande desafio para os atletas profissionais.

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Como todos sabem, os atletas são submetidos a cargas exaustivas de exercícios físicos diariamente, recebem apoio dos melhores profissionais das áreas de fisiologia, preparação física e uma alimentação balanceada. Mesmo assim, é fácil observar atletas que não se livram de problemas com a balança e alguns quilos extras.

Muitas vezes o excesso de peso não está ligado com um mau hábito do atleta. Fatores genéticos falam alto quando “peso” é o assunto, mesmo sendo um assunto que divide opiniões entre especialistas.

Walter, 27 anos, atacante que passou pelo Cruzeiro e hoje está no Atlético-GO, pode ser considerado um exemplo sobre o assunto. O jogador já fez trabalhos e tratamentos específicos para perder peso, mas parece que não consegue se livrar desse problema.

Outro exemplo é o Thalles, 22, atacante do Vasco. O jogador passou por três semanas e meia em regime de internato em um hotel, sendo monitorado 24 horas pela equipe do clube para conseguir então chegar no percentual ideal.
A mestre em educação física e professora Débora Romualdo Lacerda explicou que não é só os fatores genéticos que definem isso. “Existem fatores genéticos que contribuem, mas também o histórico do indivíduo conta bastante. Se o atleta tem histórico de obesidade na infância, vai carregar características que favorecem o ganho de peso”, afirma ela.

Além desses citados, a endocrinologista Ana Clara Réche aponta outros fatores, como alterações hormonais. “Algumas pessoas têm tendência maior ao acúmulo de peso por determinação genética. Fora isso, há uma série de alterações hormonais, que não indicam doença, mas deixam a pessoa com certa limitação metabólica”, explica Ana.

Acha que acabou? Errado. O acúmulo de peso, tanto em atletas profissionais quanto pessoas comuns, pode estar relacionado ainda a muitos outros fatores. A médica afirma que o estresse é um dos fatores influentes na perda de peso. “Tem também fatores externos, como o estresse mesmo. As pessoas e os atletas vivem num mundo muito sobrecarregado, que gera um estresse crônico que, querendo ou não, interfere nas vias metabólicas que favorecem a perda de peso. Tem também a falta de um sono adequado. São vários fatores, alguns mais técnicos”, completa ela.

Carmem Zita Pinto Coelho, com 28 anos de atuação na área esportiva, a nutricionista e mestre em bioquímica e imunologia acredita que o aumento de peso de alguns atletas está diretamente ligado aos seus hábitos alimentares.
“O metabolismo não tem uma diferença muito significativa, que seja importante no sentido de que o de uma pessoa é alto e o de outra é baixo. Não é bem assim que funciona. O metabolismo fica realmente mais baixo quando a pessoa é sedentária, que não é o caso dos atletas, ou quando há uma retirada de carboidratos maior do que deveria”, explica.

Uma vez obeso, sempre obeso… Será?

Janaina Lavalli, nutricionista e doutora em saúde pública pela UFMG, explica de forma clara e didática o motivo pelo qual algumas pessoas adultas terem a balança como inimiga por tantos anos. “A obesidade se desenvolve com o aumento do tamanho da célula adiposa e do número delas. Antes, achava-se que o organismo só produzia novas células adiposas em determinadas fases da vida. Hoje, sabe-se que isso não é verdade”, explica Janaína. “Quando há redução de peso, não há diminuição do número de adipócitos. Eles apenas diminuem seu diâmetro, mantendo-se aptos a retornar ao diâmetro anterior. Ou seja, uma vez obeso, o indivíduo sempre será obeso em potencial. A pessoa nunca perde as células de gordura que acumulou ao engordar”, completa ela.

O ganho de peso é bastante comum para os ex-atletas. Acostumados a treinos com altas cargas diárias, quando resolvem “pendurar” as chuteiras, o corpo sente e os efeitos são claros.

Para obter um equilíbrio, o atleta precisa se adaptar a uma alimentação regrada, bem diferente da que estavam acostumados enquanto atuavam. Ronaldo, revelado pelo Cruzeiro, ex-lateral Branco, do Flamengo e até mesmo o craque argentino Maradona, são exemplos claros de situações como essas.

“O gasto energético diário de um atleta profissional – isso não em dia de jogo – gira em torno de 3.000 a 3.500 mil calorias. Quando ele para, ele reduz muito esse gasto. Se o ex-atleta não fizer uma outra atividade para tentar manter o gasto energético a que o organismo está acostumado, o ganho de peso vai acontecer”, explica a nutricionista Débora Romualdo Lacerda.

Na maioria dos casos, cansados da rotina e das exigências da carreira, além de problemas com lesões, alguns ex-jogadores abandonam completamente o contato com o esporte após a aposentadoria.
“A tendência é que ele continue com uma ingestão alta de calorias. Quando ele reduz o gasto energético e continua ingerindo a mesma quantidade de calorias, vai favorecer muito o ganho de peso”, completa Débora.

Dicas para o leitor:

Atleta ou não, é de extrema importância ficar de olho nos alimentos consumidos. Nutricionistas afirmam que as pessoas devem evitar as dietas muito restritivas e ressaltam que a ajuda de um profissional da área é fundamental.
A presença de carboidratos nas refeições é necessária. O carboidrato é a fonte de energia utilizada pelo corpo na hora do treinamento!

Muitos nutricionistas recomendam comer de tudo, mas sem exagerar nas quantidades. Equilíbrio é a palavra-chave.

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