segunda-feira, 30 de outubro de 2017

O QUE É QUALIDADE DE VIDA E COMO A ATIVIDADE FÍSICA AUXILIA NESSE PROCESSO?

Diferença conceitual nos ajuda a entender o fenômeno e a melhorar nosso estilo de viver de forma consciente e controlada.


Nos dias atuais há uma imposição de que precisamos pensar, buscar e melhorar nossa qualidade de vida, mas, afinal, o que é qualidade de vida?

Quando falamos em qualidade de vida, podemos entendê-la de duas maneiras: a partir de um conceito mais genérico a que não faz menção a disfunções e agravos; e outra relacionada a aspectos de saúde ou falta dela. O Grupo de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL,1998) definiu qualidade de vida como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive, em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações, desenvolvido em três áreas de fundamentação, primeiro nível: a percepção subjetiva de uma condição objetiva (por exemplo, a percepção da adequação de uma situação social), segundo nível: relaciona-se à percepção global subjetiva de funcionamento (por exemplo, se o indivíduo dorme bem), e por último, o terceiro nível: avaliação específica da percepção subjetiva (por exemplo, se o indivíduo está satisfeito com seu sono), assim, a qualidade de vida é subjetiva e dependente do nível sociocultural, da idade e das aspirações pessoais de cada indivíduo.

Segundo GIACOMI (2004) a qualidade de vida é investigada por diferentes abordagens, a Economia avalia por meio da quantificação de bens, mercadorias e serviços que são produzidos pelas comunidades, a Sociologia adicionam a esse contexto a avaliação objetiva à indicadores sociais de baixas taxas de crime, expectativa de vida, respeito pelos direitos humanos e distribuição equitativa dos recursos. A última abordagem de definição avalia a qualidade de vida como o bem-estar subjetivo.

Quando falamos em bem estar subjetivo estamos falando de características de felicidade, que desde a Grécia antiga haviam tentativas em decifrar esse “enigma da felicidade”. Enquanto os filósofos debatem a essência da felicidade a ciência buscou trazer evidências sobre o bem-estar. Atualmente os trabalhos estão voltados a duas vertentes, o bem estar subjetivo vinculado ao prazer e felicidade; e o bem estar psicológico que apoia-se na consistência do pleno funcionamento das potencialidades de uma pessoa (SIQUEIRA;  PADOVAM, 2008).

A qualidade de vida compreende então todos os pontos abordados e podem ser analisados e avaliados os seis domínios propostos pelo grupo WHOQOL, a saber: físico, psicológico, nível de independência, relações sociais, meio-ambiente e espiritualidade (religião e crenças pessoais). Portanto, a definição de qualidade de vida passa pela percepção das pessoas nesses seis domínios.

Mesmo não havendo consenso sobre a definição de qualidade de vida, parece haver uma concordância com a presença de dois grupos de fatores que estão envolvidos na determinação da qualidade de vida, sendo o primeiro o que diz respeito a mecanismos internos psicológicos e fisiológicos, produzindo um grau de satisfação e gratificação na vida, tanto em nível pessoal como comunitário; o segundo é a importância de fatores externos (ambientais) como componentes do constructo de qualidade de vida, indicando a distinção entre qualidade de vida (genérica) e qualidade de vida relacionada à saúde (sendo que a última não engloba aspectos não relacionados à saúde) (CHACHAMOVIC, 2005).

Embora não haja consenso quanto a definição, pesquisadores indicam que para se ter uma qualidade de vida boa, as pessoas precisam experienciar positivamente situações de suas vidas. Nessa perspectiva, a atividade física entra como ferramenta nesse processo, além de ajudar a regular a liberação de hormônios, como a endorfina que é responsável pela sensação de prazer, as atividades físicas promovem melhora em índices como:

Metabólicos:  Aumento do volume de sangue circulante, diminuição da frequência cardíaca em repouso e diminuição da pressão arterial;

Cognitivos e psicossociais: melhora autoconceito, melhora autoestima; melhora imagem corporal e melhora estado de humor;

Terapêuticos– auxilia no tratamento de doença coronariana; auxilia no tratamento de hipertensão; auxilia no tratamento de diabetes e auxilia no tratamento de obesidade

Antropométricos– controle ou diminuição da gordura corporal; manutenção ou incremento da massa muscular, força muscular e da densidade óssea e melhora da flexibilidade e equilíbrio

Assim com esses benefícios a atividade física é tida como uma importante ferramenta para melhora da qualidade de vida. Torna-se ainda mais relevantes diante de índices ainda elevados de sedentarismo na população brasileira.

REFERÊNCIAS

CHACHAMOVIC, E.Qualidade de Vida em Idosos: Desenvolvimento e Aplicação do módulo WHOQOL-OLD e o Teste de Desempenho do Instrumento WHOQOL-bref em uma amostra de idosos brasileiros.Dissertação de Mestrado. Faculdade de Medicina Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul. 153p. Porto Alegre, Dezembro, 2005.

GIACOMONI, C. H.. Bem-estar subjetivo: em busca da qualidade de vida.Temas em Psicologia, v. 12, n. 1, p. 43-50, 2004.

SIQUEIRA, M. M. M.; PADOVAM, V. A. R.. Bases teóricas de bem-estar subjetivo, bem-estar psicológico e bem-estar no trabalho.Psicologia: teoria e pesquisa, v. 24, n. 2, p. 201-209, 2008.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. The World Health Organization quality of life assessment (WHOQOL): development and general psychometric properties.Social, Science and Medicine,v.46, n.12, p.1569-1585, 1998.

Geovana Mellisa Castrezana Anacleto– Professora de Educação Física. Doutoranda em Epidemiologia pela FSP – USP.

Flávio Rebustini– Doutor em Desenvolvimento Humano e Tecnologias (UNESP – RC). Coordenador da Pós em Psicologia do Esporte da Universidade Estácio.

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