segunda-feira, 30 de outubro de 2017

OPEN URUGUAY

 Última competição internacional do ano.



Última competição internacional do ano.

Open do Uruguai  em Punta Del Este.

Último Ranking Sênior da CBK.

Às inscrições começam agora em novembro, não perca esta oportunidade de competir e conhecer Punta Del Este no Uruguay.

DESEMPENHO MOTOR NO ESPORTE: COMO MELHORAR RESULTADOS?

Artigo indica melhores estudos que falam sobre desempenho motor em esportes com bola.

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O esporte de alto nível, principalmente o apresentado por ocasião dos Jogos Olímpicos, é um constante desafio à nossa capacidade de prever os limites da capacidade motora humana. O cenário nos apresenta atletas cada vez mais altos, mais fortes, mais ágeis, mais habilidosos, fisicamente moldados para o esporte nos quais competem. Os avanços científicos e tecnológicos que vão desde a genética, a arquitetura, a indústria de vestimentas e materiais esportivos, até os sofisticados 
equipamentos para treinamento e avaliação nas diferentes modalidades esportivas respondem por grande parte destes resultados inacreditáveis. Mas, não devemos esquecer os valores pessoais e sociais que levam o atleta a se dedicar totalmente ao esporte na busca de medalhas assim como a busca, por parte do técnico de esportes coletivos, de estratégias nos sistemas de ataque e defesa de sua equipe que a conduzam à vitória.

De modo geral, mudanças no comportamento motor são decorrentes de avanços científicos provenientes de estudos sobre a estrutura e adaptação do ser humano às demandas do esporte praticado, de estudos sobre os limites temporais e espaciais que caracterizam os fundamentos deste esporte e de uma prática intensa nesse mesmo esporte. Este estudo focaliza o impacto das restrições do organismo, da tarefa e do ambiente (NEWELL, 1986) no comportamento motor desde os iniciantes até os mais experientes, em particular nos esportes com bola. Em específico, focaliza as restrições temporais na organização dos sistemas de jogo e que são trabalhadas no treinamento das equipes de alto nível.

Partindo de uma breve revisão dos avanços teóricos na área do comportamento motor nas últimas décadas, focalizaremos, em específico, a aquisição de padrões motores que envolvem o manuseio da bola, elemento central de alguns esportes como o voleibol e o tênis de campo e de mesa.

Resumo

O conjunto de restrições, presente na execução de habilidades motoras, é fator determinante do sucesso em várias modalidades esportivas que demandam do atleta adaptação contínua a alterações no contexto do jogo. Tendo como ponto de partida o modelo de Newell (1986) sobre as restrições do organismo (ou executante), do ambiente e da tarefa na aquisição de habilidades motoras, este estudo focaliza mudanças que ocorrem no comportamento motor do iniciante ao atleta de alto nível. Em específico, focaliza mudanças que ocorrem em esportes em que a bola é o centro do jogo, elo de ligação entre atletas de uma mesma equipe e entre atletas oponentes, como no voleibol. A bola, em sua trajetória, carrega uma série de restrições ao comportamento dos jogadores. Ser capaz de impor restrições no comportamento do adversário através da bola é tão importante quanto saber lidar com a imprevisibilidade da trajetória da bola imposta pelo adversário.

Para ler o artigo, na íntegra, clique 

aqui:http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/article/view/3096/2761

Autora: Ana Maria Pellegrini
Publicação:  Motriz, Rio Claro, v.15 n.4 p.1009-1013, out./dez. 2009

QUAIS OS EFEITOS DE CONTRACEPTIVOS HORMONAIS SOBRE O DESEMPENHO DE MULHERES ATLETAS?

Pesquisa realizada por norte-americanos procurou abordar o tema de forma diferente dos estudos habituais.

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A possível interação entre os hormônios reprodutivos exógenos e o desempenho atlético nas mulheres é uma questão importante que tem sido tema de debate por pelo menos quatro décadas. Existem inúmeros artigos de revisão sobre o efeito dos contraceptivos orais (OC) e sobre o desempenho atlético, no entanto, esses pesquisadores sentiram que essas avaliações são insuficientes, pois não incluem todas as categorias de contraceptivos hormonais. Além dos OCs, existem muitos outros sistemas de administração de anticoncepcionais hormonais, incluindo Dispositivos Intrauterinos (DIU), injeções, manchas transdérmicas, implantes e anéis vaginais.

Dessa forma, essa pesquisa nasceu com o objetivo de aprofundar as discussões sobre o tema e dar a luz a outras interpretações que podem enriquecer ainda mais o debate.

Resumo

Os métodos contraceptivos hormonais são usados por aproximadamente metade das atletas do sexo feminino e podem afetar o desempenho atlético como resultado de sua ação hormonal sistêmica. Nas atletas, o uso de anticoncepcionais parece ter pouco efeito sobre a composição corporal, porém novos estudos são necessários para avaliar os efeitos dos contraceptivos derivados apenas de progestina, pois podem ter um efeito negativo na população em geral. O tipo de progestina contido dentro do contraceptivo pode influenciar a resposta anabólica do músculo, embora esta relação seja complexa em virtude dos efeitos diretos ou indiretos de hormônios exógenos na síntese da proteína e na proliferação das células satélites. A resposta sistêmica hormonal alterada em usuárias de contraceptivos parece não influenciar a força muscular e, embora o consumo máximo de oxigênio às vezes seja reduzida, isso não afeta as medidas de desempenho. A maioria das pesquisas utilizou desenhos transversais e/ou agrupou diferentes tipos e marcas de anticoncepcionais hormonais e poucos estudos têm sido realizada sobre anticoncepcionais com progestina em atletas. Futuros estudos devem usar desenhos experimentais prospectivos, randomizados e controlados para avaliar os efeitos de todos os tipos de contraceptivos hormonais no desempenho atlético em mulheres.

Para acessar o estudo, na íntegra, clique aqui:http://www.revistas.usp.br/rbefe/article/view/126197

Autores: Daniel MARTIN; Kirsty ELLIOTT-SALE
Publicação:  Rev. bras. educ. fís. esporte vol.30 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2016

PARA TREINADORES: SEGREDOS PARA EQUILIBRAR O PESO DE ATLETAS DE ALTO RENDIMENTO

Por inúmeros fatores, a balança pode ser um grande desafio para os atletas profissionais.

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Como todos sabem, os atletas são submetidos a cargas exaustivas de exercícios físicos diariamente, recebem apoio dos melhores profissionais das áreas de fisiologia, preparação física e uma alimentação balanceada. Mesmo assim, é fácil observar atletas que não se livram de problemas com a balança e alguns quilos extras.

Muitas vezes o excesso de peso não está ligado com um mau hábito do atleta. Fatores genéticos falam alto quando “peso” é o assunto, mesmo sendo um assunto que divide opiniões entre especialistas.

Walter, 27 anos, atacante que passou pelo Cruzeiro e hoje está no Atlético-GO, pode ser considerado um exemplo sobre o assunto. O jogador já fez trabalhos e tratamentos específicos para perder peso, mas parece que não consegue se livrar desse problema.

Outro exemplo é o Thalles, 22, atacante do Vasco. O jogador passou por três semanas e meia em regime de internato em um hotel, sendo monitorado 24 horas pela equipe do clube para conseguir então chegar no percentual ideal.
A mestre em educação física e professora Débora Romualdo Lacerda explicou que não é só os fatores genéticos que definem isso. “Existem fatores genéticos que contribuem, mas também o histórico do indivíduo conta bastante. Se o atleta tem histórico de obesidade na infância, vai carregar características que favorecem o ganho de peso”, afirma ela.

Além desses citados, a endocrinologista Ana Clara Réche aponta outros fatores, como alterações hormonais. “Algumas pessoas têm tendência maior ao acúmulo de peso por determinação genética. Fora isso, há uma série de alterações hormonais, que não indicam doença, mas deixam a pessoa com certa limitação metabólica”, explica Ana.

Acha que acabou? Errado. O acúmulo de peso, tanto em atletas profissionais quanto pessoas comuns, pode estar relacionado ainda a muitos outros fatores. A médica afirma que o estresse é um dos fatores influentes na perda de peso. “Tem também fatores externos, como o estresse mesmo. As pessoas e os atletas vivem num mundo muito sobrecarregado, que gera um estresse crônico que, querendo ou não, interfere nas vias metabólicas que favorecem a perda de peso. Tem também a falta de um sono adequado. São vários fatores, alguns mais técnicos”, completa ela.

Carmem Zita Pinto Coelho, com 28 anos de atuação na área esportiva, a nutricionista e mestre em bioquímica e imunologia acredita que o aumento de peso de alguns atletas está diretamente ligado aos seus hábitos alimentares.
“O metabolismo não tem uma diferença muito significativa, que seja importante no sentido de que o de uma pessoa é alto e o de outra é baixo. Não é bem assim que funciona. O metabolismo fica realmente mais baixo quando a pessoa é sedentária, que não é o caso dos atletas, ou quando há uma retirada de carboidratos maior do que deveria”, explica.

Uma vez obeso, sempre obeso… Será?

Janaina Lavalli, nutricionista e doutora em saúde pública pela UFMG, explica de forma clara e didática o motivo pelo qual algumas pessoas adultas terem a balança como inimiga por tantos anos. “A obesidade se desenvolve com o aumento do tamanho da célula adiposa e do número delas. Antes, achava-se que o organismo só produzia novas células adiposas em determinadas fases da vida. Hoje, sabe-se que isso não é verdade”, explica Janaína. “Quando há redução de peso, não há diminuição do número de adipócitos. Eles apenas diminuem seu diâmetro, mantendo-se aptos a retornar ao diâmetro anterior. Ou seja, uma vez obeso, o indivíduo sempre será obeso em potencial. A pessoa nunca perde as células de gordura que acumulou ao engordar”, completa ela.

O ganho de peso é bastante comum para os ex-atletas. Acostumados a treinos com altas cargas diárias, quando resolvem “pendurar” as chuteiras, o corpo sente e os efeitos são claros.

Para obter um equilíbrio, o atleta precisa se adaptar a uma alimentação regrada, bem diferente da que estavam acostumados enquanto atuavam. Ronaldo, revelado pelo Cruzeiro, ex-lateral Branco, do Flamengo e até mesmo o craque argentino Maradona, são exemplos claros de situações como essas.

“O gasto energético diário de um atleta profissional – isso não em dia de jogo – gira em torno de 3.000 a 3.500 mil calorias. Quando ele para, ele reduz muito esse gasto. Se o ex-atleta não fizer uma outra atividade para tentar manter o gasto energético a que o organismo está acostumado, o ganho de peso vai acontecer”, explica a nutricionista Débora Romualdo Lacerda.

Na maioria dos casos, cansados da rotina e das exigências da carreira, além de problemas com lesões, alguns ex-jogadores abandonam completamente o contato com o esporte após a aposentadoria.
“A tendência é que ele continue com uma ingestão alta de calorias. Quando ele reduz o gasto energético e continua ingerindo a mesma quantidade de calorias, vai favorecer muito o ganho de peso”, completa Débora.

Dicas para o leitor:

Atleta ou não, é de extrema importância ficar de olho nos alimentos consumidos. Nutricionistas afirmam que as pessoas devem evitar as dietas muito restritivas e ressaltam que a ajuda de um profissional da área é fundamental.
A presença de carboidratos nas refeições é necessária. O carboidrato é a fonte de energia utilizada pelo corpo na hora do treinamento!

Muitos nutricionistas recomendam comer de tudo, mas sem exagerar nas quantidades. Equilíbrio é a palavra-chave.

O QUE É QUALIDADE DE VIDA E COMO A ATIVIDADE FÍSICA AUXILIA NESSE PROCESSO?

Diferença conceitual nos ajuda a entender o fenômeno e a melhorar nosso estilo de viver de forma consciente e controlada.


Nos dias atuais há uma imposição de que precisamos pensar, buscar e melhorar nossa qualidade de vida, mas, afinal, o que é qualidade de vida?

Quando falamos em qualidade de vida, podemos entendê-la de duas maneiras: a partir de um conceito mais genérico a que não faz menção a disfunções e agravos; e outra relacionada a aspectos de saúde ou falta dela. O Grupo de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL,1998) definiu qualidade de vida como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive, em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações, desenvolvido em três áreas de fundamentação, primeiro nível: a percepção subjetiva de uma condição objetiva (por exemplo, a percepção da adequação de uma situação social), segundo nível: relaciona-se à percepção global subjetiva de funcionamento (por exemplo, se o indivíduo dorme bem), e por último, o terceiro nível: avaliação específica da percepção subjetiva (por exemplo, se o indivíduo está satisfeito com seu sono), assim, a qualidade de vida é subjetiva e dependente do nível sociocultural, da idade e das aspirações pessoais de cada indivíduo.

Segundo GIACOMI (2004) a qualidade de vida é investigada por diferentes abordagens, a Economia avalia por meio da quantificação de bens, mercadorias e serviços que são produzidos pelas comunidades, a Sociologia adicionam a esse contexto a avaliação objetiva à indicadores sociais de baixas taxas de crime, expectativa de vida, respeito pelos direitos humanos e distribuição equitativa dos recursos. A última abordagem de definição avalia a qualidade de vida como o bem-estar subjetivo.

Quando falamos em bem estar subjetivo estamos falando de características de felicidade, que desde a Grécia antiga haviam tentativas em decifrar esse “enigma da felicidade”. Enquanto os filósofos debatem a essência da felicidade a ciência buscou trazer evidências sobre o bem-estar. Atualmente os trabalhos estão voltados a duas vertentes, o bem estar subjetivo vinculado ao prazer e felicidade; e o bem estar psicológico que apoia-se na consistência do pleno funcionamento das potencialidades de uma pessoa (SIQUEIRA;  PADOVAM, 2008).

A qualidade de vida compreende então todos os pontos abordados e podem ser analisados e avaliados os seis domínios propostos pelo grupo WHOQOL, a saber: físico, psicológico, nível de independência, relações sociais, meio-ambiente e espiritualidade (religião e crenças pessoais). Portanto, a definição de qualidade de vida passa pela percepção das pessoas nesses seis domínios.

Mesmo não havendo consenso sobre a definição de qualidade de vida, parece haver uma concordância com a presença de dois grupos de fatores que estão envolvidos na determinação da qualidade de vida, sendo o primeiro o que diz respeito a mecanismos internos psicológicos e fisiológicos, produzindo um grau de satisfação e gratificação na vida, tanto em nível pessoal como comunitário; o segundo é a importância de fatores externos (ambientais) como componentes do constructo de qualidade de vida, indicando a distinção entre qualidade de vida (genérica) e qualidade de vida relacionada à saúde (sendo que a última não engloba aspectos não relacionados à saúde) (CHACHAMOVIC, 2005).

Embora não haja consenso quanto a definição, pesquisadores indicam que para se ter uma qualidade de vida boa, as pessoas precisam experienciar positivamente situações de suas vidas. Nessa perspectiva, a atividade física entra como ferramenta nesse processo, além de ajudar a regular a liberação de hormônios, como a endorfina que é responsável pela sensação de prazer, as atividades físicas promovem melhora em índices como:

Metabólicos:  Aumento do volume de sangue circulante, diminuição da frequência cardíaca em repouso e diminuição da pressão arterial;

Cognitivos e psicossociais: melhora autoconceito, melhora autoestima; melhora imagem corporal e melhora estado de humor;

Terapêuticos– auxilia no tratamento de doença coronariana; auxilia no tratamento de hipertensão; auxilia no tratamento de diabetes e auxilia no tratamento de obesidade

Antropométricos– controle ou diminuição da gordura corporal; manutenção ou incremento da massa muscular, força muscular e da densidade óssea e melhora da flexibilidade e equilíbrio

Assim com esses benefícios a atividade física é tida como uma importante ferramenta para melhora da qualidade de vida. Torna-se ainda mais relevantes diante de índices ainda elevados de sedentarismo na população brasileira.

REFERÊNCIAS

CHACHAMOVIC, E.Qualidade de Vida em Idosos: Desenvolvimento e Aplicação do módulo WHOQOL-OLD e o Teste de Desempenho do Instrumento WHOQOL-bref em uma amostra de idosos brasileiros.Dissertação de Mestrado. Faculdade de Medicina Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul. 153p. Porto Alegre, Dezembro, 2005.

GIACOMONI, C. H.. Bem-estar subjetivo: em busca da qualidade de vida.Temas em Psicologia, v. 12, n. 1, p. 43-50, 2004.

SIQUEIRA, M. M. M.; PADOVAM, V. A. R.. Bases teóricas de bem-estar subjetivo, bem-estar psicológico e bem-estar no trabalho.Psicologia: teoria e pesquisa, v. 24, n. 2, p. 201-209, 2008.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. The World Health Organization quality of life assessment (WHOQOL): development and general psychometric properties.Social, Science and Medicine,v.46, n.12, p.1569-1585, 1998.

Geovana Mellisa Castrezana Anacleto– Professora de Educação Física. Doutoranda em Epidemiologia pela FSP – USP.

Flávio Rebustini– Doutor em Desenvolvimento Humano e Tecnologias (UNESP – RC). Coordenador da Pós em Psicologia do Esporte da Universidade Estácio.

SAIBA PORQUE TODO ATLETA DE MODALIDADES DE COMBATE, LUTAS E ARTES MARCIAIS DEVERIA MEDITAR

Pesquisas já deixam claro a importância da meditação antes, durante e depois das lutas.


No meu trabalho de preparação psicológica em esportes de lutas e artes marciais, pude observar e ouvir dos atletas como e quanto suas emoções e aspectos cognitivos interferem em seus treinos e competição. Considerando isso, é importante pensar possibilidades de intervenção psicológica que atuem de modo a não permitir que essas interferências sejam negativa, ao contrário, que contribua para bons resultados do atleta na modalidade, seja no esporte amador ou de alto rendimento.

Uma dessas possibilidades de intervenção é a meditação. A prática meditativa tem sido apontada como uma maneira de treinamento mental pelo qual se busca educar a mente (SLAGTER et al., 2007), influenciando positivamente alguns estilos de pensamento e sistemas cognitivos.  Foi Kabat-Zinn, um médico norte americano que fomentou a meditação no ocidente, inicialmente como tratamento para dor crônica. Contudo, a prática mostrou-se eficiente para diversos outros problemas, como, por exemplo, os transtornos de ansiedade (KABAT-ZINN et al., 1992).

Há evidências de que Meditar atua diretamente sobre a plasticidade cerebral. Uma pesquisa que comparou a espessura do córtex de meditadores experientes com um grupo controle encontrou uma diferença significativa nas regiões relacionadas à sustentação da atenção, onde a espessura era maior nos praticantes experientes (LAZAR et al., 2005). Neste mesmo sentido, Malinowski e Shalamanova (2017) indicam que a prática meditativa está ligada a várias habilidades cognitivas incluindo a habilidade de focar e sustentar a atenção o que por si próprio requer a interação de sub-funções atencionais. Os mesmo autores em seu estudo indicam que apesar das limitações para avaliação a meditação pode elevar a reserva cognitiva.

Atualmente, nas competições de alto nível, as habilidades esportivas de diferentes lutadores praticamente se igualam. O atleta sem preparação psicológica poderá limitar sua capacidade de desenvolvimento e de alcançar bons desempenhos, se não conseguir direcionar e controlar a manifestação das suas variáveis e habilidades psicológicas. É preciso trabalhar aspectos que permitam ao atleta comportar-se bem sob pressão, competir com dor, ter persistência, sentimentos positivos, concentração, autoconfiança, entre outros fatores importantes (PAIVA, 2009). Com a preparação psicológica, através das técnicas de meditação, o atleta ser mais estável emocionalmente mesmo em condições adversas. Nesse cenário, a meditação pode atuar como instrumento para a auto regulação das emoções.

É possível mesmo que hipoteticamente fazer uma ligação entre a meditação e o estados de fluxo (Flow). Nakamura e Csíkszentmihályi (2001) definiram nove fatores que devem estar presentes quando da ocorrência do estado de fluxo (em que a pessoa fica totalmente imersa na sua prática e com foco único no seu melhor desempenho), os quais fazemos um link com os benefícios da meditação (emitálico):

1.              Clareza nos objetivos:o lutador terá real noção do que deve fazer e de que forma agir, tanto no treino quanto na competição, porque tem bem ajustado o resultado que quer atingir.

2.              Alto grau de concentração em um limitado campo de atenção:nos poucos minutos de luta, o atleta deverá conseguir concentrar-se na atividade específica, sem distrair-se com preocupações, problemas, público, sons, luzes, sensações, dores, etc.

3.              Perda do sentimento de autoconsciência, sem preocupações com o autojulgamento ou o julgamento alheio:o lutador coloca em prática a habilidade de manter-se resiliente na competição, sem se preocupar com a crítica de espectadores e expectadores, sem se preocupar com a atitude do adversário; ele realiza seu trabalho como planejado e compreende que no momento em questão, isso é o que importa.

4.              Sensação de tempo distorcida:o foco e a concentração são tão inclinados à ação, que o atleta não se preocupa com tempo cronológico.

5.              Feedbackdireto e imediato quanto aos acertos e falhas no andamento da atividade:a agilidade de pensamento promove ao lutador perceber um erro e adaptar-se ou corrigir-se conforme a necessidade, bem reajuste nas estratégias ou percepção das estratégias do rival.

6.              Equilíbrio entre os níveis de habilidade pessoal e de desafio a ser enfrentado:o lutador não idealiza além de suas possibilidades, não trabalha com altas expectativas ou a ilusão de super capacidade. Ele tem autoconhecimento e sabe quais são seus limites. Isso diminui as chances de frustrações, de sentimento de culpa, de incompetência e auxilia o atleta a atingir seu potencial individual máximo.

7.              A sensação de controle pessoal sobre a situação ou a atividade, sem esforço consciente:naturalmente o lutador lida com a situação enfrentada e tem conhecimento de como agir.
8.              A atividade em si é recompensadora, sem expectativa de recompensa imediata ou futura:estar na luta gera prazer, realização e o ato tem sentido e significado.

9.              Sentimento de fusão entre o praticante e a atividade praticada – a consciência é focada totalmente na atividade em si:tudo que existe é o aqui e agora, o momento da luta. A experiência é plena, autêntica e satisfatória.

Por todos estes possíveis benefícios, faz sentido incluir as práticas meditativas na rotina de treinamento esportivo de atletas de modalidades de combate, lutas e artes marciais, como um tipo de intervenção psicológica, que poderá proporcionar melhores possibilidades de rendimento, performance e resultado. Contudo, ainda há um imenso campo de estudos sobre a meditação e o esporte de competição. Como apontam Colzato e Kibele (2017) mais pesquisas são necessárias para compreender os efeitos diretos da meditação no aumento da performance esportiva e, complementam, apontando ser necessário levar em conta a demandas técnicas de diferentes tipos de esportes, e aqui, pode-se depreender para cada tipo de luta, o que permitirá um planejamento individualizado das intervenções meditativas.

Talita Guedes Bittioli -Psicóloga pela Universidade Metodista de São Paulo, Especialista emPsicologiado Esporte pela Universidade Estácio.

Flávio Rebustini– Doutor em Desenvolvimento Humano e Tecnologias (UNESP – RC). Coordenador da Pós em Psicologia do Esporte da Universidade Estácio.

Referências:

COLZATO, L. S.; KIBELE, A. How different types of meditation can enhance athletic performance depending on the specific sport skills. Journal of Cognitive Enhancement, p. 1-5, 2017.

KABAT-ZINN, J.; MASSION, A.O.; KRISTELLER, J.; PETERSON, L.G.; FLETCHER, K.E.; PBERT, L.; LENDERKING, W.R.; SANTORELLI, S.F.. Effectiveness of a meditation-based stress reduction program in the treatment of anxiety disorders.American Journal of Psychiatry, v. 149, p. 936-943, 1992.

LAZAR, S. W.; KERR, C. E.; WASSERMAN, R. H.; GRAY, J. R.; GREVE, D. N.; TREADWAY, M. T. et al. Meditation experience is associated with increased cortical thickness.NeuroReport, v. 16, n.17, p.1893-1897, 2005.

MALINOWSKI, P.; SHALAMANOVA, L. Meditation and cognitive ageing: the role of mindfulness meditation in building cognitive reserve. Journal of Cognitive Enhancement, p. 1-11, 2017.

NAKAMURA, J.; CSIKSZENTMIHALYI, M.. Flow Theory and Research. In: Snyder, C.R.; Wright, E., Lopez, S.J..Handbook of Positive Psychology. Oxford University Press, 2001. p. 195-206.

PAIVA, L..Olhar Clínico nas Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate.Manaus: OMP, 2015.

SLAGTER, H. A.; LUTZ, A.; GREISCHAR, L. L.; FRANCIS, A. D.; NIEUWENHUIS, S.; DAVIS, J. M.; DAVIDSON, R. J..Mental Training Affects Distribution of Limited Brain Resources.PLOS Biology,São Francisco, 2007. Disponível em:<http://dx.doi.org/10.1371/journal.pbio.0050138>. Acesso em: 11 out. 2016.

O PAPEL DO TREINADOR NO ESPORTE INFANTIL

Os treinadores tem um enorme potencial em determinar como as práticas podem ter seus resultados benéficos alcançados, ao mesmo tempo em que evitam resultados negativos, por serem estes os definidores e responsáveis pelos valores e padrões morais a serem respeitados em cada contexto.


A grande maioria das pessoas entra em contato com o esporte e os exercícios físicos ainda durante a infância ou adolescência, geralmente por meio das brincadeiras de rua, das aulas de educação física nas escolas ou das escolinhas de esportes. Boa parte dos adultos segue praticando alguma atividade física regular ao longo de quase todo ciclo vital, impactando em sua saúde e qualidade de vida. Além destas manifestações esportivas, os grandes eventos, como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo de Futebol, ambos realizados recentemente no Brasil, também atraem a atenção de uma multidão de pessoas ao redor de todo o planeta, que buscam uma forma de entretenimento através de sua audiência. Em nosso país, o futebol, principalmente, atrai milhares de pessoas aos estádios semanalmente. Vemos assim, o grande impacto que o Esporte tem em nossa sociedade.

De certa forma, o esporte reflete e reforça os valores da sociedade onde está inserido, dependendo do seu contexto social e cultural, das características de cada modalidade esportiva e da forma como ele é praticado (Hardman & Jones, 2011). Assim, o esporte infantil tem o potencial de desenvolver diversas normas sociais e valores ético-morais nos jovens praticantes, podendo ser um importante instrumento de educação, de promoção da saúde e de integração e desenvolvimento social. No entanto, qualquer pessoa que esteja envolvida com a prática esportiva de crianças pode perceber que ela não pode ser considerada benéfica por natureza, não sendo raros os casos de desenvolvimento da simulação, da mentira, da exclusão social e da marginalização nestes contextos. Isso sem falar do esporte de alto nível, onde vemos casos de doping, desrespeito às regras, agressões e violência. Então o que faz o esporte ser bom ou ruim? Quais os responsáveis para que isto ocorra?

Certamente, o que faz a prática esportiva ser benéfica, ou não, é a forma como ele é praticado e os valores que estão presentes durante a sua prática, implicando assim em uma enorme responsabilidade dos treinadores esportivos para além do aumento do rendimento ou do desenvolvimento das habilidades e capacidades físicas, técnicas e táticas próprias de cada modalidade. Assim, os treinadores tem um enorme potencial em determinar como as práticas podem ter seus resultados benéficos alcançados, ao mesmo tempo em que evitam resultados negativos, por serem estes os definidores e responsáveis pelos valores e padrões morais a serem respeitados em cada contexto.

Neste sentido, Simon (2013) coloca que o esporte demanda que os jovens (crianças e adolescentes) devem reconhecer o valor dos adversários não apenas como meio para seu autodesenvolvimento, mas também como iguais que também estão em desenvolvimento e em busca da excelência. Segundo este autor, esta concepção previne que o praticante de esporte use aos demais simplesmente para satisfazer seus fins esportivos pessoais ou veja seu próprio autodesenvolvimento como mais importante. Mais uma vez o treinador assume um papel principal no esporte infanto-juvenil, pois este é o responsável por disseminar estes valores e modificar os comportamentos dos seus alunos/atletas.

Vemos assim que, como já foi falado acima, a prática esportiva de crianças e adolescentes não deve ter disseminada a busca por vitórias a qualquer custo, e muitos outros valores devem ser considerados. Um caso interessante para reflexão sobre este ponto foi trazido à tona em uma matéria veiculada em junho deste ano pela mídia espanhola (El País). Segundo aquele jornal, um treinador de futebol de crianças com idade entre 10 e 11 anos foi demitido de seu clube após ter vencido uma partida por 25 a 0, pelo fato dos diretores terem considerado o ocorrido como uma humilhação aos adversários. Para nós brasileiros, acostumados a vermos demissões de treinadores apenas após as derrotas das equipes, esta matéria pode chamar a atenção, mas ela acaba por demonstrar o que acabamos de discorrer. No contexto do esporte infantil não podemos desconsiderar os valores para além da busca pelas vitórias, e o adversário precisa ser considerado, mesmo que as regras formais do jogo não estejam sendo descumpridas.

Esta matéria pode nos fazer pensar sobre alguns aspectos da prática profissional de treinadores esportivos de crianças e adolescentes. Por exemplo, podemos refletir sobre o papel do treinador em um contexto onde os pais projetam uma carreira como atleta profissional para o filho, mas este não parece demonstrar o mesmo interesse, ou na sua função ao verificar que um atleta talentoso está priorizando o esporte em detrimento da escola e dos estudos, ou ainda, na forma como deveria agir um treinador ao verificar que está havendo a exclusão de algumas crianças por demonstrarem menores aptidões no esporte que está sendo praticado.

Com tudo isso e com o enorme impacto do esporte na vida das pessoas e das sociedades, devemos sempre refletir sobre a sua prática e sobre os valores que o embasam, pois somente assim poderemos propiciar uma prática saudável, eficiente e eficaz no mister de desenvolver não apenas atletas, mas cidadãos plenos, com consciência de seus valores, de suas potencialidades e limitações, contribuindo assim com uma sociedade mais justa, assumindo os treinadores um papel fundamental. Creio que a função do treinador de crianças e adolescentes deve ir muito além daquela de técnico, no sentido de ensinar gestos técnicos de cada modalidade, mas promover um espaço onde os alunos e atletas encontrem formas de trilhar um caminho para uma vida plena, dentro ou fora do esporte, através da integração social e disseminação dos bons valores e costumes de sua sociedade na busca da sua excelência pessoal.

Enfim, não creio ser possível pensarmos no trabalho dos treinadores apenas como pessoas que possuem um bom domínio dos gestos esportivos ou das táticas de jogo, sendo fundamental refletirmos sobre o seu papel como educador e modelo para os jovens, onde os princípios que adotam em seus trabalhos terão reflexos por toda a vida dos seus atletas, podendo estes ser para o bem ou para o mal.

Referências

Hardman, A. R.; Jones, C.The Ethics of Sports Coaching. Editora Routledge, Nova York – USA, 2011.

Simon, R. L.The Ethics of Coaching Sports: Moral, Social, and Legal Issues. Editora Westview Press, USA, 2013.

El País, Demitido por marcar gols demais. Publicado em 15/06/2017 emhttps://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/14/deportes/1497472371_664195.html acessado em 20/09/2017.

Carlos Drigo– Educador Físico e Psicólogo. Especialista em Psicologia do Esporte. Mestrando em Desenvolvimento Humano e Tecnologias – UNESP – Rio Claro.

POLÊMICA: PESQUISA INDICA 30 ATIVIDADES FÍSICAS QUE MAIS QUEIMAM CALORIAS

Pesquisadores elegem atividades com base em algumas variáveis personalizadas. Você concorda?


Eliminar muitas calorias em apenas uma hora é o sonho de todo mundo que deseja emagrecer. Pesquisadores da Clínica Mayo, uma das organizações médicas mais conceituadas dos Estados Unidos, listaram os exercícios que mais queimam esta unidade de energia, com base nos dados do Instituto Nacional de Saúde do país. As atividades aeróbicas são a maioria dentre as citadas, mas segundo Felipe Goulart, do Conselho Regional de Educação Física da 1ª Região, em entrevista ao jornal Extra, elas não são as únicas indicadas para emagrecer:

— Os exercícios indicados para as pessoas que querem perder peso são aqueles cuja intensidade trabalhe entre 70% e 85% da frequência cardíaca dela. Isso pode acontecer na musculação, na caminhada, na natação… Em qualquer atividade que esteja nessa faixa de esforço.

Durante as atividades aeróbicas o corpo oxigena mais gordura e tira dela a energia necessária para manter seu movimento. Os exercícios de alta intensidade retiram energia do carboidrato, mas deixam o metabolismo acelerado por mais tempo, o que gera um gasto energético posterior por meio da massa muscular criada na atividade.

Na hora de escolher o exercício físico ideal, cada um deve deve levar em consideração seu gosto pessoal.

— Não adianta colocar a pessoa para fazer aquilo que ela não gosta, pois um mês depois ela para. Quando fazemos algo que nos dá prazer, nos adaptamos e transformamos aquilo em um hábito. Depois podem ser incluídos outros tipos de exercícios — garante a coordenadora do curso de Educação Física do Centro Universitário Celso Lisboa, Ana Cristina Barreto.

Para começar a gastar energia, é preciso “esquentar” o corpo, por no mínimo, cinco minutos. Antes de começar a praticar qualquer atividade é recomendado procurar um profissional para avaliar os benefícios e riscos dos exercícios que serão realizados.

As modalidades

1 – Correr a uma velocidade 12 km/h – 861 – 1.074 cal

2 – Pular corda – 861-1.074 cal

3 – Jogar futebol – 752-937 cal

4 – Fazer tae kwon do – 752-937 cal

5 – Nadar com movimentos rápidos – 715-892 cal

6 – Subir escadas correndo – 657-819 cal

7 – Correr a uma velocidade de 8 km/h – 606-755 cal

8 – Jogar tênis – 606-755 cal

9 – Fazer escalada – 606-755 cal

10 – Jogar futebol americano – 584-728 cal

11 – Jogar basquete- 584-728 cal

12 – Patinar – 548-683 cal

13 – Fazer exercício aeróbico de alto impacto – 533-664

14 – Praticar esqui aquático – 438-546 cal

15 – Usar a máquina de remo – 438-546 cal

16 – Fazer caminhadas em terrenos irregulares – 438-546 cal

17 – Nadar com movimentos leves – 423-528 cal

18 – Fazer hidroginástica – 402-501 cal

19 – Praticar canoagem – 256-319 cal

20 – Praticar halterofilismo – 365-455 cal

21 – Correr de leve, ao estilo trote, na esteira – 365-455 cal

22 – Fazer exercício aeróbico de baixo impacto – 365-455 cal

23 – Jogar golfe – 314-391 cal

24 – Praticar power yoga – 292-364 cal

25 – Jogar vôlei- 292-364 cal

26 – Pedalar de leve, a menos de 16 km/h – 292-364 cal

27 – Praticar Tai chi chuan – 219-273 cal

28 – Jogar Boliche – 219-273 cal

29 – Fazer Dança de salão – 219-273 cal

30 – Fazer uma caminhada lenta – 204-255 cal

ESPORTE E SOCIEDADE: COMO PREPARAR O ATLETA PARA LIDAR COM A CARREIRA?

Muitas e muitas vezes são as dinâmicas sociais que não conseguem ser assimiladas pelo atleta de qualquer faixa etária que podem gerar o abandono e desarranjos de desempenho e conduta no ambiente esportivo.


É inegável o papel do esporte e da atividade física na cultura e como forma de representação da identidade de um País, comunidade e/ou grupos sociais. Algumas Cidades, Estados e Países são representados por modalidades específicas, muitas vezes, chamadas de esporte nacional. No Brasil evidentemente temos o futebol, como temos o rúgbi na Nova Zelândia, o Hóquei no Canadá e diversos outros casos de representação. Portanto é uma falha tentar compreender e explicar o fenômeno esportivo sem entender o contexto em que ele se desenvolveu e as dinâmicas sociais que foram responsáveis por isso.

Coakley (1991) desenvolve três fatores que refletem a importância quando tratamos do ambiente esportivo e os fatores sociais que o envolvem: a) A participação esportiva está positivamente associada a um suporte social vindo de pessoas que são importantes para o atleta; b) A relativa influência destas pessoas (pai, mãe, amigos, professores, técnicos e pares) e o extenso encorajamento recebido do sistema social; c) A socialização envolve reciprocidade ou efeito bidirecional no senso de envolvimento entre a criança e o adulto no esporte. O funcionamento adequado dessas dinâmicas são cruciais para o início, permanência e para as diversas fases das transições de carreira existentes no ambiente esportivo.

Podemos ter ganhos imensos na formação da identidade, da moral, da qualidade de vida, da resiliência, da orientação para tarefas, para falar de alguns dos muitos aspectos que podem ser desenvolvidos pelo esporte e atividade física. Do outro lado, como aponta Machado (2006, p. 67) “a procura vertiginosa por clubes e modalidades em evidência propiciam a saltar o fosso que separa as classes sociais, possibilitando alcançar uma ascensão social, levando primeiramente a uma pretensa conquista financeira, status e fama. Nessa ordem, todos os sacrifícios pelos quais os adolescentes têm que passar para conquistar o reconhecimento da sociedade e, com isso, o sucesso profissional, não têm parâmetros: vale tudo para chegar à fama.” Muitas e muitas vezes são as dinâmicas sociais que não conseguem ser assimiladas pelo atleta de qualquer faixa etária que podem gerar o abandono e desarranjos de desempenho e conduta no ambiente esportivo.

Toda a pressão por desempenho e “possibilidade” de ascensão social associada ao que Gallahue e Ozmun (2005) identificam com “uma fase de confrontação com status mutável e com o crescente número de papéis a desempenhar,” pode desencadear dinâmicas fortes que talvez, não sejam suportadas pelos jovens atletas, resultando no abandono do esporte (REBUSTINI; MACHADO, 2008).

É preciso que esse olhar sobre essas dinâmicas por parte dos envolvidos e dos pesquisadores seja pragmática, que os aspectos inerentes a cada um dos contextos envolvidos pela modalidade, indivíduo, clube, cidade e a família sejam profundamente conhecidos. Sem vieses ou olhares que fazem “conta de chegada”, que querem ver apenas o que lhes convêm. Possibilitando que tenhamos leituras mais precisas e intervenções que busquem efetivamente a melhora do ambiente para o desenvolvimento esportivo e que perpasse todo o ciclo vital.

Referências.
COAKLEY, J. Socialization and Sport. In. SINGER, R.N; MURPHERY, M; TENNANT, L.K. Handbook of Research on Sport Psychology, British Columbia, 571-586, 1991
REBUSTINI, F.; MACHADO, A. A. Imediatismo e Performance: incongruências na formação do jovem atleta. In: Machado, A. A. (Org.). Especialização esportiva precoce: perspectivas atuais da psicologia do esporte. 1 ed. Jundiaí: Fontoura, 2008, p. 67-84.
MACHADO, A. A. Psicologia do Esporte: da educação física escolar ao esporte de alto nível. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006
Trecho adaptado do artigo: REBUSTINI, Flávio; MACHADO, Afonso Antonio. Dinâmicas sociais e estados de humor. Motriz: Revista de Educação Física, p. 233-244, 2012.

Flávio Rebustini– Doutor em Desenvolvimento Humano e Tecnologias (UNESP – RC). Coordenador da Pós em Psicologia do Esporte da Universidade Estácio.

PULAR CORDA PARA EMAGRECER BRINCANDO!

Pular corda pode ser um aliado dos adultos assim como é, para as crianças, uma boa atividade aeróbica lúdica



Pular corda pode ser um aliado dos adultos assim como é, para as crianças, uma boa atividade aeróbica lúdica. Os benefícios trazidos pelos exercícios são bem parecidos com o de uma corrida. Ele aumenta a resistência cardiovascular, a coordenação e ainda fortalece os músculos superiores e inferiores. E tem mais, dá uma ajuda e tanto na queima de gordura, já que, em média, pular corda gasta até 600 calorias em 30 minutos.

A ProAction Sports elaborou um treino completo que pode ser feito ao pular corda. Antes de começar o treino é importante aquecer, por isso, inicie com uma intensidade mais leve e depois siga num ritmo maior. Ante de tudo, pode optar por exercícios como polichinelo, para um aquecimento geral do corpo.

Confira o treino para queimar calorias brincando:

1- Pule com a corda tirando os dois pés do chão ao mesmo tempo (60 repetições);

2- Pule com a corda alternando as pernas e elevando os joelhos (60 repetições);

3- Com a corda, pule com uma perna só e depois com a outra (30 repetições em cada perna);

4- Com a corda, pule para frente simulando o movimento de corrida (60 repetições);

5- Com a corda, pule abrindo e fechando as pernas (60 repetições).

Faça 30 minutos de exercício, alternando os movimentos até completar o tempo. Tente iniciar com 2 minutos cada exercício, descansando 1 minuto.

(Fonte: ProAction Sports)
Matéria publicada pelo Ativo.com

MÉDICO ESCLARECE MITOS E VERDADES SOBRE O INÍCIO NA ATIVIDADE FÍSICA

O início de uma rotina voltada para a atividade física é cercado de algumas incertezas por parte dos iniciantes.


O início de uma rotina voltada para a atividade física é cercado de algumas incertezas por parte dos iniciantes. No que diz respeito às dores e consequências de começar algo ao qual não está acostumado, o doutor Irimar de Paula Passo, presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor, esclareceu alguns mitos e verdades que te ajudarão a entender melhor seu corpo.

Primeiro, segundo ele, é importante entender que cada pessoa tem uma tolerância diferente à dor. Usar os exercícios feitos por um conhecido como base para definir o quanto você consegue nunca é positivo, já que os corpos reagem de formas diferentes às mesmas atividades.

Se referindo à dor nas costas, o médico critica a naturalidade com que muitas pessoas tratam o desconforto na região: “dor nas costas nunca é normal“, diz, por mais ínfima que pareça. Qualquer dor lombar pode trazer consequências piores se não tratada com o tempo.

O melhor modo de prevenir tem relação com a sua postura, tanto em pé como sentado. “Cruzar as pernas ao se sentar pode ter como consequência dores nas costas; tudo depende do modo como você cruza, deixando o corpo desconfortável, e o tempo que fica”, explica Irineu.

Entrando no contexto da musculação como atividade física, o doutor novamente desmente um mito comum entre frequentadores de academia: o de que a musculação só faz efeito se o indivíduo sente dor após ela. “A dor é um sinal avisando que seu corpo não está suficientemente condicionado para aquele exercício”, comenta o médico. E ele conclui: “no âmbito do esporte, se seu corpo sente dor é porque algo está errado”.

POR QUE VOCÊ DEVE INVESTIR EM TREINOS DE MOBILIDADE?

A corrida é benéfica em vários sentidos, mas continua sendo um esporte de alto impacto para as articulações. Por isso não adianta fugir de duas coisas: fortalecimento e treinos de mobilidade.


A corrida é benéfica em vários sentidos, mas continua sendo um esporte de alto impacto para as articulações. Por isso não adianta fugir de duas coisas: fortalecimento e treinos de mobilidade.

Fortalecimento ajuda a prevenir lesões, tirar o melhor dos músculos e preservar as articulações. E treinos de mobilidade? Se é tão natural correr, por que precisamos deles?

O que são treinos de mobilidade?

Agachamentos unilaterais, afundo e agachamento, tesouras laterais, skipping de calcanhares, exercícios pliométricos (polichinelos, saltos, pular corda, subir escadas etc), escadinha agility, são alguns exemplos de treinos que melhoram o movimento da corrida. “Quando falamos em movimento não podemos trabalhar em uma única direção ou plano, nosso corpo tem movimentos naturais e eles são multidirecionais também”, explica André Nader, treinador especializado em fisioterapia esportiva e em psicologia esportiva.

Por que preciso deles?

Primeiro porque eles ajudam na potência e na economia de corrida. Ao fazer treinos de mobilidade, aprendemos e executamos o movimento corretamente e usamos melhor os músculos – economizando energia e ganhando força nas passadas.

Mas, não é só para correr melhor que você precisa fazer os treinos de mobilidade. “A vida moderna está nos deixando mais tempo sentados e isso causa encurtamentos musculares, o que leva a desvios posturais e imobilidade de algumas articulações”, continua Nader.

Força para envelhecer melhor

“Envelhecemos e a tendência natural da vida é perdermos a força motora, a cognição, a coordenação. Por isso que é tão importante treinar o movimento e fortalecer os músculos. Fazer treinos de mobilidade é investir na própria evolução da corrida”, continua Gérson Leite, fisiologista do esporte da Care Club.

Para adicioná-los corretamente à sua rotina, procure um treinador especializado!

HORÁRIO DE VERÃO E TREINOS: COMO SE ADAPTAR E NÃO PERDER O RITMO

Mas com algumas dicas simples, é possível driblar estes problemas e continuar sua rotina de treinos sem grandes prejuízos.


Nos primeiros dias do horário de verão é comum o corpo “reclamar”. Com atletas, então, isso pode ser ainda mais recorrente. Você sente mais sono, mais preguiça e pode achar que seus estão movimentos mais lentos. Mas com algumas dicas simples, é possível driblar estes problemas e continuar sua rotina de treinos sem grandes prejuízos.

Como adaptar os treinos para o início do horário de verão


Durma mais cedo

O sono é quase sempre o mais afetado com a mudança do relógio. Por isso, tente dormir mais cedo para acelerar essa adaptação ao horário de verão. É enquanto dormimos que nosso organismo sintetiza, constrói e se recupera de tudo que fizemos durante o dia.

“Quando não dormimos o suficiente, diminuímos a síntese dos hormônios de crescimento e do cortisol. Isso nos faz acordar mais cansados e também ter dificuldade de raciocínio e sentir mais ansiedade”, explica o especialista em fisiologia do exercício pela Unifesp, Gilberto Coelho.

Mantenha os horários

Mas você não precisa mudar o horário do treino: se insistir nos habituais (por mais que se sinta cansado nos primeiros dias) vai acelerar o processo de adaptação. “Essa adaptação é rápida e pode demorar de um dia a uma semana”, aconselha Marcelo Vieira, treinador da Movementls, em São Paulo.

Para os corredores que acordam cedo ou treinam entre 18h e 20h, o horário de verão traz benefícios, já que o dia estará claro – e isso colabora para diminuir a produção da melatonina, um dos hormônios do sono. Nos sentimos mais despertos e a corrida pode até render mais. E com um plus: com o dia amanhecendo e anoitecendo, quem corre pode ter uma linda vista do céu para inspirar.

Se preciso, pegue leve

Quem treina após as 8h ou depois das 21h pode achar mais difícil obter o mesmo rendimento. É importante caprichar na hidratação e vale até diminuir um pouco o ritmo ou a intensidade dos treinos.

“De dia, as temperaturas estarão mais altas e a umidade relativa do ar mais baixa. Isso pode dificultar um pouco a respiração e aumentar a indisposição. De noite, aumenta a sensação de cansaço e o sono porque é neste período que ativamos a produção da melatonina”, explica Marcelo.

Mas, nada de parar de se movimentar. Vá com calma, mas mantenha o ritmo dos treinos durante o horário de verão. Nosso corpo é como um relógio e se adapta de acordo com nossos hábitos.

domingo, 29 de outubro de 2017

CURSO DE ARBITRAGEM

Aconteceu, no dia 28 de Outubro de 2017, o 1º Curso de Arbitragem de Karatê organizado pela Liga de Karatê do Estado do Rio de Janeiro (LKERJ) no Centro de Treinamento US Team - Unidade Mesquita, RJ.























 Unidos somos mais fortes!
Att, Diretoria da LKERJ.

PRÁTICA ESPORTIVA É O MAIOR ALIADO NO COMBATE AO ESTRESSE

Entenda como desenvolver estratégias de desenvolvimento de resiliência, coping, e ajude alunos e atletas a melhorar e se adaptar aos mais diversos contextos


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A palavra “estresse” tem origem na palavra inglesa “stress” e significa “pressão”, “tensão” ou “insistência”. O interesse médico pelo estresse remonta a Hipócrates (470-377 a.C) mas, somente em 1929, com os trabalhos do fisiologista Walter Bradford Cannon, é que o estresse passou a ser compreendido como um fenômeno relacionado à interação corpo-mente.

Foi o pesquisador Hans Selye quem ao longo de quatro décadas de pesquisas (1936 -1976) ampliou os trabalhos de Cannon atendo-se à dimensão biológica do estresse. Ele definiu estresse como um conjunto de reações fisiológicas necessárias para a adaptação a novas situações. Sua pesquisa submeteu cobaias a estímulos estressores e observou – se um padrão específico na resposta comportamental e física dos animais. Para Samulski et cols.(1996) Selye foi influenciado por Cannon considerando que o eixo hipófise – córtex – supra renal seria a base da reação do estresse endócrino.

Selye cunhou o termo Síndrome Geral de Adaptação (SGA), um conjunto de respostas não específicas do organismo e que desenvolve-se em três fases:

1) Fase de alarme – caracterizada por manifestações agudas decorrentes da ativação do sistema nervoso simpático em que o corpo fica pronto para enfrentar o desafio;

2) Fase de resistência – onde o corpo mantém-se ativado, de forma a permanecer com seus recursos disponíveis para o embate enquanto as manifestações agudas progressivamente desaparecem;

3) Fase de exaustão- quando há a volta das reações da primeira fase tornando-se mais vulnerável e pode haver o colapso total do organismo .

A literatura científica afirma a muito tempo que a Psicologia do Esporte vem estudando o estresse com o intuito de minimizar os seus efeitos negativos e otimizar a performance dos atletas. Mas, não se pode afastar os efeitos positivos quanto há um controle adequado dos estímulos. A partir deles pode-se desenvolver estratégias de desenvolvimento de resiliência, coping, melhorar com os atletas reagem e se adaptam aos estímulos. Esse controle e adequação dos estímulos conduzirão os atletas na busca de encontrar as zonas ótimas de desempenho. O fator crucial para determinar a qualidade do desempenho esportivo é a capacidade dos atletas em lidar com o estresse. Se o atleta for treinado para identificar as fontes de estresse em seu ambiente esportivo, certamente ele estará mais bem preparado para enfrentar as diferentes situações de pressão emocional existentes na competição.

Já pensou nisso?

Sabemos que para lidar melhor com o estresse é fundamental que o atleta conheça as suas emoções nos diferentes contextos em que ele se expõe. É essencial que os atletas sejam capazes de identificar e analisar suas emoções, adaptando-se a cada situação em busca de um bom desempenho na competição (LAVOURA e MACHADO, 2006). O estado psicológico do atleta é fator determinante para o seu máximo rendimento, pois toda ação motora está diretamente relacionada ao estado emocional do indivíduo. Para de Rose Junior (2002) a competição em qualquer modalidade é uma fonte de estresse. Segundo este autor o estresse é endêmico ao meio competitivo.

Para Samulski (2002) quando um atleta é incapaz de lidar com as situações estressantes presentes no contexto esportivo podem ocorrer queda dos níveis de autoconfiança, pensamentos negativos e aumento da ansiedade, interferindo diretamente na sua performance.

Quando os atletas aprendem a ter maior consciência de seu corpo e a desenvolver auto regulação maiores serão as possibilidades de gerenciamento do estresse e de se tornarem mais resistentes ao estresse… O inverso também é verdadeiro, ou seja, quanto menor for a consciência corporal e a auto regulação maior serão os níveis de estresse e maiores serão as chances de lesões para atletas.

Auto regulação é a palavra chave: analise os diferentes contextos onde se manifesta o estresse e quais são as reações e percepções frente aos fatores intrínsecos (pessoais) e extrínsecos (ambientais) envolvidos tanto no treinamento quanto na competição.

Controle as condições: descanso suficiente, desenvolvimento de técnicas de relaxamento e de ativação. Por fim, forme uma equipe multidisciplinar composta de preparador físico, técnico, psicólogo e nutricionista que conheçam profundamente os aspectos de regulação externa, sendo capazes de definir uma periodização com metas adequadas, motivação dos atletas, comunicação efetiva e emprego de técnicas de psico regulação.

Nesse sentido responda agora, qual seria o estado psicológico ótimo de um atleta?

Referências
LAVOURA, T. N. e MACHADO, A. A. Esporte de aventura de rendimento e estados emocionais: relações entre ansiedade, autoconfiança e auto-eficácia. Motriz, Rio Claro, v. 12, n. 2, p. 143-148, mai./ago. 2006.
ROSE JUNIOR, D. de, DESCHAMPS, S. e KORSAKAS, P. Situações causadoras de “stress” no basquetebol de alto rendimento: fatores competitivos. Revista paulista de Educação Física, São Paulo, 13(2): 217-29, jul./dez. 1999.
SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte – manual para a Educação Física, Psicologia e Fisioterapia. Barueri: Manole, 2002.

Prof. Esp. Roberto Trindade– Formado em Turismo, Psicologia e Educação Física. Pós-Graduado em Psicologia do Esporte e Esportes de Aventura. Email: trindade_scuba@hotmail.com
Prof. Dr. Flávio Rebustini– Doutor em Desenvolvimento Humano e Tecnologias (UNESP – RC). Coordenador da Pós em Psicologia do Esporte da Universidade Estácio

O DESENVOLVIMENTO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS PSICOMOTORAS ATRAVÉS DA CAPOEIRA

Por ser eclética, a Capoeira possibilita trabalhar diversas inteligências sempre respeitando as limitações reverenciando os talento


Por ser eclética, a Capoeira possibilita trabalhar diversas inteligências sempre respeitando as limitações reverenciando os talentos de cada um.

As crianças são estimuladas desde a mais tenra idade, por tudo que a circundam. O estudo sobre o cérebro resulta em um avanço importante para avaliarmos os alunos, de forma com que os mesmos demonstrem e despertem talentos específicos, escondidos no seu ser interior.

Através dos estudos do psicólogo e neurologista “Horward Gardner” (1980-1990) foram identificadas e comprovadas nove (9) inteligências, tendo mais duas (2)em estudos. Sendoque todos nós nascemos com capacidades de desenvolver todas as inteligências, embora termos potenciais diferenciados façam isso naturalmente, considerando também a carga genética que pode ser determinante. E agora temos uma oportunidade de respeitarmos as limitações e reverenciar os talentos de cada um, utilizando-os como forma de aprendizado, na capoeira que é tão eclética, envolvem movimentos corporais, coordenativos de equilíbrio, força, resistência, musicalidade, ritmo, resgate histórico e de valores humanos. Eis as inteligências que podemos trabalhar dentro da Capoeira:

1) Inteligência Espacial; Definimos como a capacidade de perceber uma forma ou um objeto, Percebe-se o mundo visual com precisão. Sendo assim, podemos citar os pilotos de automobilismo, que no percurso da corrida acontecem às ultrapassagens, relação de tempo e espaço. Na capoeira com a movimentação sem o contato e com o controle corporal desenvolve bem a noção espacial.

2) Inteligência Lingüística;

O dom da linguagem é universal, e seu desenvolvimento nas crianças é constante em todas as culturas. Na capoeira não é diferente, o praticante aprende a se expressar e a questionar a si próprio e aos próximos com o objetivo de crescimento de grupo. Além de conhecer as palavras de costume da capoeira, como: Iê! Camará!Etc.

3) Inteligência Lógico-Matemática;

No indivíduo talentoso, o processo de resolução de problema é surpreendentemente rápido. No desenrolar do “jogo da capoeira” há situações em que a astúcia, velocidade e a ação de arco-reflexo são utilizadas, tendo que a velocidade de reação ser instantânea. Defesa e ataque. Pergunta e resposta.

4) Inteligência Musical;

Considerada como um domínio intelectual autônomo. Para apreciar a função dos ritmos no trabalho musical, o indivíduo precisa ter uma competência numérica básica para desenvolver sua área musical, desenvolvendo assim cada vez mais, sua inteligência musical. A capoeira é a única arte marcial que possui a música, e ela é o fundamento principal, pois o participante deve respeitar a cadência tocada pela orquestra, devendo reconhecer o tipo de toque, ou canção e reagir conforme a ação solicitada, e de contrapartida a orquestra estar atenta a algum acontecimento durante a “roda” e improvisar naquele instante.

5) Inteligência Corporal-Cinestésica;

A capacidade de realizar movimentos quando dirigidos reflexivamente, ou numa base involuntária que começa desde cedo com as crianças. Arte dança esporte, lazer com o corpo em movimento, tudo isso e muito mais é a capoeira. O preparo físico progressivo, junto com o controle corporal, trabalhando força, resistência, flexibilidade que são desenvolvidas.

6) Inteligência Inter-Pessoal;

Baseada na capacidade de perceber a capacidade de perceber as distinções entre os outros, suas intenções e desejos. Perceber o semblante “feroz” ou “alegre” ou “maroto” no momento do jogo, essa sociabilização e a distinção da sua forma de jogar “manso”, “valente” ou “brincalhão”, depende da situação que envolve aquele determinado jogo. Um controle emocional para com os outros.

7) Inteligência Intra-Pessoal;

Controlar suas próprias emoções, conhecer a si mesma. Nos treinos, ou ao “entrar na roda”, onde você está literalmente no centro das atenções, a vergonha de errar, esquecer ou louvar sua autoestima, o desenvolvimento dessas emoções, dentro do nosso ser.

8) Inteligência Naturalista;

Os escravos africanos viviam na África em harmonia com os animais, conheciam bem a selva, usavam inclusive as “matas da capoeira” para organizarem emboscadas perante os capitães do mato, assim como os índios que distinguem bem as plantas venenosas das benéficas. E ao trabalhar nas confecções dos instrumentos, necessita-se do reconhecimento das matérias-primas. Ex: Berimbau- madeira (beriba, outros).

9) Inteligência Pictórica;

Trabalhando com desenhos, tentar expressar o ritmo de executar o “desenhar”, e expressar através dos traços, o sentimento ou o aprendizado referente aquele determinado momento.

10) Inteligência Contextual (em estudo);

Conscientizar-se a respeito da era ou época existente ou mencionada. Como a história da capoeira Sua origem, os processos de pluralidade cultural, traçando um paralelo, bem próximo à história.

11) Inteligência Para-psíquica; (em estudo);

Além de trabalhar com alto nível de energia, o toque do berimbau, instrumento absurdo de uma (1) corda só, expressa o lamento do escravo em busca da liberdade. A parte da espiritualidade da capoeira não tem nada a ver com religião e sim com o pensamento, as vibrações positivas de companheiro para companheiro. A admiração ao mestre, seu ídolo, aquele em que você se espelha.

P.S. {Pesquisa iniciada no terceiro ano do curso de Educação Física, na Faculdade de Educação Física de Santos –FEFIS_UNIMES, em 1998, na matéria de Psicomotricidade, que tinha como docente o Professor Marcelo Airãs Ducalov, e desenvolvida ao longo desses anos no Projeto Capoeira Escola/Baixada Santista do Professor Márcio Rodrigues dos Santos, também responsável pela pesquisa}.

 Bibliografia:

* GARDNER, Howard. A criança é o pré-escolar: como pensa e como a escola pode ensina-la, Porto Alegre, Artes Médicas, 1995.

ESTUDOS COPROVAM : EXPERIÊNCIA EDUCACIONAL FACILITA O DESENVOLVIMENTO ESPORTIVO DO ATLETA DE ALTO REDIMENTO

Pesquisas demonstram a importância da educação como fator de construção de atletas mais preparados para a carreira e para o mundo.


No artigo anterior, eu discuti a relação entre a Educação Física e o desenvolvimento cognitivo (link) e os efeitos dessa relação para o desenvolvimento humano. O foco desse texto está em uma relação que deveria trazer também benefícios, mas que tem sido relegada e muitas vezes é tratada com irrelevância, que é o efeito da educação formal nos atletas de alto nível. Nesse caso, em um sentido amplo, os indivíduos que atuam no esporte de competição.

Pouca atenção e muito menos projetos existem com o objetivo da manutenção dos atletas de alto rendimento no sistema educacional, principalmente no âmbito universitário, em oposição ao sistema americano que raramente o atleta alcança o esporte profissional sem concluir o ensino superior. O sistema esportivo brasileiro, em grande medida, força os atletas no final da juventude a optar entre o estudo e a continuidade da carreira esportiva.

Em razão do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e um acompanhamento maior do Ministério Público tem se exigido que os atletas permaneçam na escola até o ensino médio. E de cara surge uma questão: apenas para cumprir tabela? Apenas para cumprir uma exigência ou há efetivamente a preocupação com a qualidade e o futuro da carreira do atleta?

Não parece ser efetivamente a qualidade ou o futuro do atleta a via primária. Normalmente, os atletas jovens contam com bolsas de estudo nos colégios privados, pelo menos essa é uma característica em São Paulo, em contrapartida eles disputam as competições escolares representando as escolas.
Em um estudo recente de Melo e colaboradores (2014) com atletas de futebol, eles detectaram que o tempo gasto com a formação no futebol pode criar dificuldade para uma vida escolar dedicada e para uma formação cultural de qualidade.

Os dados deste estudo sugerem que a formação no futebol se torna prioridade em relação à escola em função dos desejos dos atletas que buscam a profissionalização. Isto ocorre por completa ausência de diálogo entre o sistema escolar e o esportivo.

Não se objetiva que tenham uma formação após a carreira esportiva, que inclusive pode ser abreviada por lesões ou por falta de espaço para o desenvolvimento. E a compreensão de que a subida para a vida adulta no esporte de alto nível é para poucos em qualquer lugar do mundo.

Ryba e colaboradores (2016) destacam que o aumento da pressão sobre o atleta adolescente na busca do sucesso esportivo e acadêmico pode render vulnerabilidade a ansiedade, a uma sobrecarga de estresse, overtraining e abandono.

Uma outra problemática é possível de ser identificada: os clubes esportivos, usualmente, planejam suas sessões de treinamento apartadas do sistema educacional, isto é, como entendem que a prioridade são eles – os treinamentos; não é incomum serem marcados exatamente nos períodos ou na transição do período, isto é, o treino inicia no final da tarde e entra no início da noite bloqueando dois períodos do dia em que o atleta deveria e poderia cursar a escola.

No sistema universitário, as características são similares aos encontrados nos anos anteriores. Os atletas obtêm bolsas de estudo para representar as Instituições de Ensino como forma de contrapartida da divulgação do nome da Instituição ou utilizam-se da exigência que, algumas delas, têm para manter seu regime filantrópico com a concessão de bolsas enquadradas com projetos sociais.

Esse sistema é diverso do realizado nos Estados Unidos, que tem o sistema esportivo integrado à escola e, principalmente, com as Universidades. Mas, a dificuldade de acesso ao sistema esportivo profissional é exígua e, exatamente por isso, que os atletas estão integrados a universidade, pois caso não consigam adentrar no sistema profissional, eles tenham uma formação universitária que lhes dê opções.

Para se ter ideia da dificuldade, um estudo de 2012, da NCAA (National Collegiate Athletic Association) que promove o esporte universitário, apontou que apenas 1,2% dos atletas universitários do basquete masculino tornaram-se profissionais e 0,9% dos atletas femininos, encontramos para o Futebol Americano (1,7%), basebol (11,6%), Hóquei masculino (1,3%) e Futebol masculino (1,0%). É evidente a reduzida chance de ascender ao esporte de alta competição. Além disso, é um claro indicativo da necessidade de proporcionar outras alternativas, além do esporte de competição, sob pena de se colocarem em condições de vulnerabilidade (REBUSTINI, 2012).

A busca da integração do esporte, mesmo no alto nível, e a escola tem sido denominado de Dupla Carreira. Para Ryba e colaboradores (2016) nos países economicamente desenvolvidos, há um aumento da expectativa que jovens atletas possam combinar suas atividades acadêmicas com as esportivas para que sejam evitadas restrições nas oportunidades futuras de estudo e opções de vida. Visa estimular uma formação não apartada entre os sistemas educacionais e esportivo.

Para que tenhamos uma ideia da perda para o atleta e para a sociedade de não termos um sistema integrado podemos utilizar a tese de doutorado de Aquilina (2009) com atletas franceses, finlandeses e ingleses em que foi possível detectar que a experiência educacional facilitou o desenvolvimento esportivo e as habilidades desenvolvidas no contexto esportivo foram vistas como transferíveis para o mundo da educação e do trabalho.

O estudo listou uma série de benefícios dessa associação, tais como:

a)planejamento e organização das competências, trabalho em equipe;

b)habilidades interpessoais;

c)capacidade de definir metas, priorizar e monitorar realizações;

d)manutenção do compromisso;

e)desenvolvimento da proficiência e habilidades analíticas que podem facilitar a comunicação no contexto com o técnico;

f)liderança;

g)consciência de networking e negócios.

Esse cenário introduzido por Aquilina nos induz a um sistema bidirecional em que, tanto o esporte influencia o desenvolvimento de habilidades acadêmicas, como o aperfeiçoamento educacional auxilia em diversas variáveis necessárias ao desempenho do atleta de alto nível. Em um estudo qualitativo longitudinal Terragrosa e colaboradores (2015) detectaram que os atletas que tiveram a possibilidade de promover uma dupla carreira tiveram facilitadas suas transições da carreira esportiva de elite para uma carreira profissional alternativa.

Parece-nos claro o efeito mútuo da prática esportiva, seja regular e do alto rendimento, e do estudo sobre o desenvolvimento do indivíduo.

E quanto essa visão compartimentalizada e apartada de integração traz prejuízos não só ao indivíduo, mas também a sociedade ao privar o atleta de condições de caminhar com uma dupla carreira.
Esse cenário novamente expõe a ausência de uma política esportivo-educacional em todos os níveis.
*Flávio Rebustini é Doutor pela UNESP/Rio Claro. Membro do LEPESPE – Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte/UNESP-RIO CLARO. Coordenador da Especialização em Psicologia do Esporte da Universidade Estácio de Sá. E-mail: frebustini@uol.com.br

REFERÊNCIAS

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