segunda-feira, 11 de julho de 2016

Psicologia do Esporte nas Artes Marciais e o necessário fortalecimento mental dos atletas

   A moderna concepção de atleta engloba, ao menos, três áreas do treinamento esportivo: física, técnica e psicológica. Dessa forma, mente e corpo devem estar em harmonia para que desvios de concentração, foco e atenção não promovam derrotas ou atuações abaixo dos padrões de treinamento.


  Poucas atividades físicas ou esportes competitivos incluem segmentos tão claros de habilidades mentais quantos as artes marciais ou esportes de combate. O Kung Fu, por exemplo, exige dos atletas, altas e bem elaboradas competências de foco, atenção, concentração e controle de ansiedade. Em algumas derivações dessa Arte Marcial, são exigidas habilidades igualmente importantes, tais como o reflexo, a velocidade na tomada de decisão e forças mental e emocional apuradas para que o planejamento tático e o treinamento físico atinjam os níveis treinados e desejados. A Psicologia Esportiva oferece técnicas e métodos científicos capazes de auxiliar essas e tantas outras demandas dos atletas.
   Uma performance consistente é um dos mais difíceis objetivos nos esportes competitivos. Nas artes marciais temos as demandas de um conjunto de habilidades psicológicas básicas para este resultado. A saber:
– Auto-controle: necessário para planejar e manter os pensamentos apropriados, emoções e ações durante o combate, promovendo inclusive a auto-regulação e níveis mentais adequados para toda a ação esportiva. No caso das Artes Marciais, quem nunca experimentou aquela sensação de faltar o gás mental no final de uma luta? Pois bem, a Psicologia do Esporte é uma aliada para essa e tantas outras demandas.
– Auto-motivação: referindo-se à disposição constante para o treinamento e esforço, mesmo em detrimento a demandas externas e de outros.
–  Auto-consciência: que possibilita ao lutador monitorar e reconhecer seu status mental e ajustar pensamentos e emoções de maneira a otimizar os níveis de ansiedade e ativação psicoemocional nas mais diversas situações.
– Resistência mental: apresentado no contexto do esporte como definição primária do plano de ação do atleta em sua competição. Resistência esta que pode ser treinada e desenvolvida a partir de métodos científicos e modernos relacionados com o avanço da Psicologia Esportiva no Brasil.
– Confiança: atitude positiva e de crença que suas ações serão efetivas em determinada situação. A confiança aprimorada promove iniciativa e força interior para superar desafios e dificuldades em treinos e competições.
– Competitividade: como disposição no esforço para satisfação dos atletas em comparação a outros competidores. O ímpeto de superar as etapas e as dificuldades para atingir os objetivos pessoais e esportivos.
– Motivação intrínseca: na capacidade de focar-se em determinado objetivo, de maneira constante e intensa, tendo como fonte seus valores internos, pensamentos e desejos.
   Esses e tantos outros fatores são temas de pesquisas e intervenções na Psicologia do Esporte visando o complemento necessário do treinamento dos atletas. Afinal, corpos fortes e bem treinados necessitam, via de regra, de mentes a altura de suas possibilidades.
Países como Estados Unidos, Cuba, Japão, China e várias nações europeias já incorporaram o trabalho de Psicologia Esportiva com os atletas e equipes de diversas modalidades.
   No Brasil, atletas começam a despertar para a necessidade de priorizar o fortalecimento de aspectos mentais e emocionais para atingirem desempenhos traçados através de metas e treinamentos.
   Nos últimos anos, houve uma aproximação marcante dos níveis de rendimento de atletas de todo o mundo. O que costuma diferenciá-los é a capacidade de foco, autocontrole, confiança e gerenciamento da concentração competitiva.
   E você? Já se deu conta de como os aspectos mentais e emocionais atuam em seus treinos e lutas?

Texto de João Ricardo Cozac –  Psicólogo do esporte. Presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte.

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