Primeiramente
vale lembra que Gichin Funakoshi Sensei era considerado um “estrangeiro” e não
um japonês de fato, por ter nascido em Okinawa, então ele teria que se colocar
em uma posição de inferioridade para registrar o Karatê como uma arte japonesa,
e para isso ele teve que seguir algumas regras que na época eram impostas por
uma instituição que controlava as artes marciais japonesas, a Dai Nippon Butoku
Kai.
As exigências
impostas pela Dai Nippon Butoku Kai eram:
1- Usar o sufixo
“DO (道)” como parte do nome;
2- Adaptar-se a
metodologia de ensino das artes marciais japonesas;
3- Usar o Dogi (que
era o uniforme do Judô e que foi imposto a todas as artes);
4- Adotar o sistema
de graduação Kyu/Dan existente na época, que era composto da faixa branca para
iniciantes, marrom para intermediários, preta para os avançados. Mais tarde
incluiu a faixa branca e vermelha (coral) para quem já tivesse uma proficiência
de mestre, a faixa vermelha e por ultimo, conta-se, a branca mais larga para
fundador de estilo. Esse sistema de graduação era chamado de sistema Kano (pois
fora desenvolvido por Jigoro Kano, fundador do Judô, Ministro da Educação,
primeiro japonês membro do Comitê Olímpico Internacional e a maior autoridade
das artes marciais japonesas da época).
Funakoshi sensei com a máxima
graduação da época, o 5º Dan
Gichin Funakoshi
Sensei possuía a maior graduação possível na época, de 5º Dan. Foi só no início
da década de 1960 que foram incluídos os graus de 6º a 10º Dan no sistema Kano,
após a morte de Funakoshi. Concluímos, com isso, que o Pai do Karate Moderno
nunca usou a faixa coral (inserida no sistema para diferenciar os possuidores
de grau Dan –Yudansha- dos peritos que eram antigos no grau Dan –Kodansha- e
que era outorgada a partir do 6º Dan).
A Japan Karate Association (JKA) resistiu até o final da década de 1960 para incluir os outros cinco Dan e a Shotokai nunca os incluiu. Esse é o motivo pelo qual ninguém nunca usou a faixa coral no Shotokan. Nenhum grande mestre gostaria de ofender a memória de Funakoshi sensei usando uma faixa que representa um nível superior ao dele (coral ou vermelha), portanto mesmo aqueles graduados 10º Dan, como Masatoshi Nakayama, Hirokazu Kanazawa ou Tetsuhiko Asai sempre usaram a faixa preta.
A Japan Karate Association (JKA) resistiu até o final da década de 1960 para incluir os outros cinco Dan e a Shotokai nunca os incluiu. Esse é o motivo pelo qual ninguém nunca usou a faixa coral no Shotokan. Nenhum grande mestre gostaria de ofender a memória de Funakoshi sensei usando uma faixa que representa um nível superior ao dele (coral ou vermelha), portanto mesmo aqueles graduados 10º Dan, como Masatoshi Nakayama, Hirokazu Kanazawa ou Tetsuhiko Asai sempre usaram a faixa preta.
E as cores das
faixas?
Inicialmente no
sistema Kano, também usado no Shotokan, haviam só as faixas branca (para
iniciantes) e marrom (para intermediários) precedendo a faixa preta (destinada
aos especialistas). Foi muito tempo depois que as faixas verde e roxa foram
incluídas para ajudar a diferenciar melhor os estágios de aprendizado dos iniciantes.
Há muito pouco tempo vem sendo usadas outras faixas coloridas no Japão
(amarela, laranja e azul), principalmente para estimular as crianças. Cada
país, porém, criou um sistema próprio de classificação dos iniciantes e adotou
diferentes cores para esses estágios.
Um dos primeiros
sistemas com outras cores surgiu na Inglaterra, em 1927, elaborado por Gunji
Koizumi Sensei, que instituiu em Londres as cores para diferenciar os Kyu. Essa
ideia se espalhou pelo mundo.
Sistema de cores de Kyu criado por
Mikinosuke Kawaishi
As escolas de
Karate que funcionavam dentro das YMCA (ACM no Brasil) também criaram e
adotaram seu sistema. O sistema que parece ter inspirado a classificação de
cores mais usada no Brasil, porém, foi o sistema Kawaishi. Nesse sistema
(criado pelo instrutor de Judô e Karate Mikinosuke Kawaishi), as cores usadas
eram amarelo, laranja, verde, roxo, marrom e, por fim, a preta. Ninguém sabe ao
certo, porém, quem inseriu a faixa vermelha, destinada aos detentores de 9º e
10º Dan das outras escolas, entre os Kyu do Shotokan do Brasil. A hipótese que
melhor explica a sequência brasileira de cores vem das artes plásticas: nessa
área do conhecimento, é um saber comum e banal que amarelo e vermelho unidos
dão origem ao laranja, e que verde e roxo misturados dão origem ao marrom.
Alguém provavelmente supôs que assim ficaria agradável ao público, mas não há
registros dessa criação, a verdadeira razão segue um mistério…
E as faixas com
fitas?
Antiga graduação feminina no judô
As faixas com uma
linha branca bem no meio que alguns estilos usam servem para diferenciar um Kyu
pro outro. Originalmente, no Judô, as faixas dos homens eram da cor cheia e a
das mulheres era da mesma cor, porém com a fita no meio, pois elas eram menos exigidas
em exames de graduação, nos treinamentos e por um tempo não puderam competir.
Isso foi uma herança da mentalidade higienista do início do século XX. Com a
revolução feminista muitas coisas mudaram e uma das coisas a ser abandonadas no
Judô foi a fita no meio da faixa, pois passou a ser vista como uma forma de
evidenciar que a mulher era inferior ao homem na arte marcial. Recentemente,
com os sistemas incluindo cada vez mais Kyu e a escala de cores das fábricas
restritas, vem se usando ou a fita no meio ou faixas com duas cores para a
diferenciação das classes.
Outros utilizam
fitas para marcar o seu Dan na faixa, mas isso tecnicamente não existe no
Karate Shotokan.
No Judô, usavam-se linhas brancas até o 5º Dan para diferenciar os graus. No 6º Dan as cinco linhas eram substituídas por um retângulo com mais uma linha em cima. No Karate de Okinawa e no estilo Kyokushinkai é comum ver o uso dessas fitas. Nesses estilos as fitas ou linhas bordadas brancas simbolizam do 1º ao 5º Dan. Depois de uma 1 a 5 linhas douradas (sem as linhas brancas), simbolizam do 6º ao 10º Dan. Mesmo assim, alguns estilos de Okinawa, como o Shorin, adotaram as faixas coral e vermelha. Isso tudo porém, nunca será observado em um mestre do estilo Shotokan possuidor de graduação 6º a 10 Dan. Nem as fitas, nem as faixas de outras cores, nem faixas de duas cores, nem com linhas no meio, nem camufladas, rosa, etc…
E as graduações
ofertadas?
Sim, existem no
Karate as graduações ofertadas, que são graduações dadas para alguém por
mérito, falecimento ou outro motivo.
Abaixo estão as graduações ofertadas conhecidas pela equipe do site:
- - Meiyo-Dan (名誉段):
Um faixa preta honorário, um título que é oferecido à pessoa que contribui para
a divulgação do Karate, em sua maioria não são praticantes de karate, neste
caso sua graduação não permite examinar ou lecionar;
-Suisen-Dan (推薦段): Grau por antiguidade do praticante, em que ele treina regularmente, mas não possuindo nível técnico para receber uma faixa preta, mas recebe a faixa preta como reconhecimento ao seu empenho.
Quando um karateca é aprovado oficialmente para a faixa preta, se dá o nome de Jitsuryoku-Dan (実力段). Nas escolas tradicionais apenas um Jitsuryoku Yudansha (有段者)/Kodansha (高段者) pode examinar alunos para novos graus Kyu e Dan, ser instrutor pago para dar aulas e árbitro em competições oficiais.
E os uniformes
pretos, coloridos e os apelidos ???
Pessoal, essa é a
pior parte. Se você encontrar alguém ensinando com um uniforme que não seja
branco ou que estiver chamando os alunos Kyu por apelidos conquistados em seu
exame de faixas CORRA COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ! O Karatê Shotokan, assim
como os demais estilos de Karatê (sim, isso vale para todos) nunca adotou um
uniforme que não seja da cor branca. Karatê veste Dogi branco e ponto final,
não há discussão para isso. Infelizmente, pelo Brasil, está assim. Você atinge
tal Kyu, pode usar calça preta, depois casaco preto, depois (ou antes) ganho um
apelido, um nome de guerra, na mais descarada cópia da Capoeira e ferindo
horrivelmente a tradição do Budô. Diferenciação no uniforme é usada em algumas
escolas de arte marcial coreana, nunca nos estilos e escolas japonesas.
Uniformes vermelhos, multicolor, feitos pelo próprio atleta pra uma
apresentação… Tudo isso são distorções absurdas do Karatê.
Oss!!!
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