terça-feira, 12 de julho de 2016

CHEGA DE PRECONCEITO!!!

   A prática do karatê para pessoas em cadeira de rodas

  A questão pertinente a Educação Física Adaptada, tem atualmente sido motivo de muitas discussões desenvolvidas no meio acadêmico e científico, por profissionais da área em questão. Nesse sentido, observa-se a grande importância de procedimentos de pesquisa nessa população, dando subsídios para atuação dos profissionais da área.

    Autores como DUARTE (1992), consideram que apenas recentemente, a Educação Física começou a se preocupar com a atividade física para pessoas com deficiência. Ele considera que o desenvolvimento do quadro qualitativo e quantitativo de pesquisas nessa área vai depender basicamente das iniciativas de pesquisas das Universidades.

    
Os problemas que envolvem deficientes estão presentes na sociedade desde os mais remotos tempos, SILVA (1987). A evolução no processo civilizatório da humanidade nos orienta como foi e tem sido a forma de tratamento atribuído a pessoa deficiente.

    Os jogos organizados sobre cadeira de rodas forma conhecidos após a Segunda Guerra Mundial, onde esta tragédia na história da humanidade fez com que muito dos soldados que combateram nas frentes de batalha voltassem aos seus países com seqüelas permanentes. Porem este evento,proporcionou a pessoa com deficiência, melhores condições de vida, pois os deficientes pós-guerras eram heróis e tinham o respeito da população por isto, bem como uma preocupação governamental (GUTTMANN, 1981, ADMS E COL 1985; ALENCAR, 1986 CIDADES E FREITAS, 1999).

    A partir das duas Guerras Mundiais, a necessidade das modernas sociedades em aumentar o rendimento com a diminuição do investimento, e sustentar elementos não produtivos, houve uma preocupação nas descobertas de métodos que visassem uma reintegração social do deficiente e, na medida do possível, torna-lo um fator de produção para a sociedade.

    Surgiu então a atividade física, que tem demonstrado sua eficiência como um dos métodos a serem utilizados no arsenal terapêutico desta recuperação. Com o avanço científico moderno, o progresso dos conhecimentos o terreno da fisiologia do exercício, da psicologia, dos fatores biomecânicos, dos métodos de avaliação, da sociobiologia vieram despertar ainda mais, tais atividades. (ROSADAS, 1991),
 
    Para ARAÚJO (1998) o desporto adaptado se propunha a minimizar as seqüelas nos soldados acometidos pelos traumatismos, em decorrência das guerras, mais especificamente em relação à Segunda Guerra Mundial, na década de 40. O objetivo da reabilitação dos soldados feridos em decorrência da guerra, naquele momento era prioridade do governo dos países envolvidos no conflito e também da classe científica, pois a expectativa e a qualidade de vida chamavam a atenção para a necessidade de estudos. Por outro lado, estes governos sentiam-se na obrigação de dar uma resposta à sociedade, no sentido de estar fazendo alguma coisa para minimizar as adversidades causadas pela guerra.

    Os primeiros passos, neste sentido ocorreram em fevereiro de 1944, quando médico alemão, de origem judaica, exilado na Inglaterra, Sir Ludwig Guttmann, neurologista e neurocirurgião, foi convidado pelo governo britânico para fundar o centro de reabilitação para tratamento dos soldados lesionados medulares no Hospital de Stoke Mandeville, próximo à cidade de Aylesburg. Dr. Guttmann dedicou-se a esta atividade de 1943 a 1980. O primeiro programa de esporte em cadeira de rodas foi iniciado no Hospital de Stoke Mandeville em 1945, com o objetivo de trabalhar o tronco e os membros superiores e diminuir o tédio da vida hospitalar e prepara-los para o trabalho.

    Em 1960, o Dr. Guttmann concretizou seu sonho, idealizado em 1948, de realizar um evento que tivesse o mesmo impacto de uma olimpíada. Realizado em Roma, o IX jogos de Stoke Mandiville, teve a presença de 400 participantes de 23 países, com apoio do Comitê Olímpico Italiano (COI), que passaram anos depois a se chamar “Paraolympics” (Olimpíadas para paraplégicos).

    A introdução do esporte adaptado no Brasil se deu por meio de Del Grande com grupo que veio fazer jogos de exibições nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Um dos elementos que se chamava Jean Quellog sugeriu a Del Grande que fundasse um clube dos paraplégicos no Brasil. Ele despachou uma cadeira esportiva dos Estados Unidos e Balmer (um antigo fabricante de cadeira de rodas) fez as outras.

    As modalidades esportivas para as pessoas com deficiências físicas são baseadas na classificação funcional e atualmente apresentam uma grande variedade de opções. As modalidades olímpicas são o arco e flecha, atletismo, basquetebol, bocha, ciclismo, equitação, futebol, halterofilismo, iatismo, natação, rugby, tênis de campo, tênis de mesa, tiro e voleibol (ABRADECAR, 2002).

    A participação de pessoas com deficiência física em eventos competitivos no Brasil e no mundo vem sendo ampliada. Por serem um elemento ímpar no processo de reabilitação, as atividades físicas e esportivas, competitivas ou não devem ser orientadas e estimuladas, visando assim possibilitar ao portador de deficiência física, mesmo durante seu programa de reabilitação alcanças os benefícios que estas atividades podem oferecer, visando uma melhor qualidade de vida.

    Dentro dos esportes adaptados apresentados, nota-se que há muito pouco espaço para as artes marciais, tornando-se necessário desenvolver ou adaptar artes marciais para esta população. De acordo com dados do Censo, 24,5 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o que corresponde a 14,5% da população e a prática de uma atividade física adaptada, proporciona á pessoa com deficiência física condições através da pratica do esporte, da recreação e do lazer uma melhor qualidade de vida.

    Alguns autores como GUTTMAN (1976b), SEAMAN (1982), LIANZA (1985), SHERRILL (1986), ROSADAS (1989), SOUZA (1994), SCHUTZ (1994) e GIVE IT A GO (2001) ressaltam que o esporte adaptado traz inúmeros benefícios como melhoria e desenvolvimento de auto-estima, auto-valorização e auto-imagem; o estímulo à independência e autonomia; a socialização com outros grupos; a experiência com suas possibilidades, potencialidades e limitações; a vivência de situações de sucesso e superação de situações de frustração; a melhoria das condições organo-funcional (aparelhos circulatório, respiratório, digestivo, reprodutor e excretor); melhoria na força e resistência muscular global; a possibilidade de acesso à prática do esporte como lazer, reabilitação e competição; prevenção de deficiências secundárias entre outras

    Em Paises como a Irlanda, Japão e Portugal, já existe a prática do Karatê para cadeirantes. No Brasil existem vários esportes para deficientes como arco e flecha, bocha, halterofilismo, hipismo, natação, tênis, dentre outros, porém não se tem registro do ensino teórico-prático do Karatê para esta população.

    A partir de pesquisas incipientes, há registros que a prática do Karatê para pessoas portadoras de deficiência física temporária ou permanente pode ser viável, uma vez que já existe a prática do Karatê para essas pessoas, o Karatê em Cadeira de Rodas.

    O Karatê em Cadeira de Rodas atua simultaneamente como autodefesa e como bom exercício, no desenvolvimento de capacidades, de reflexos e força, para pessoas deficientes. Para isso, adaptou-se um sistema similar aos métodos aplicados no Karatê Tradicional, para o Karatê em Cadeira de Rodas.
Os métodos utilizados no ensino do Karatê adaptado são os ideais para as pessoas que estão recuperando de doenças 
ou se encontram fisicamente fracas ou que por alguma razão estão incapacitadas de praticar essa modalidade. Deste modo podem praticar o Karatê em Cadeira de Rodas até que estejam aptos para voltar ao treino regular.

    A ACMS (Colégio Americano de Medicina do Esporte) (1997), relata que um programa de atividades físicas para as pessoas com deficiência física devem observar a princípio se a adaptação dos esportes ou atividades mantendo os mesmos objetivos e vantagens da atividade e dos esportes convencionais, ou seja, aumentar a resistência cárdio-respiratória, a força, a resistência muscular, a flexibilidade, etc.

    Um outro ponto a considerar na elaboração de atividades para as pessoas de necessidades educativas especiais, em destaque aqui o indivíduo com deficiência física, é a necessidade de adaptação dos materiais e equipamento, bem como a adaptação do local onde esta atividade será realizada.

    O projeto de pesquisa torna-se importante por serem inexpressivos trabalhos a nível acadêmico sobre o assunto. A escolha de uma modalidade esportiva pode depender em grande parte das oportunidades que são oferecidas as pessoas com deficiência física, da sua condição sócio-econômica, das suas limitações e potencialidades, da suas preferências esportivas, facilidade nos meios de locomoção e transporte, de materiais e locais adequados, do estímulo e respaldo familiar, de profissionais preparados para atendê-los, dentre outros fatores.

Artigo na íntegra: 
www.efdeportes.com

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