quinta-feira, 13 de julho de 2017

SOFÁ VIRA BRINCADEIRA DE CRIANÇA NAS FÉRIAS

Se não dá para viajar, a ideia é transformar a casa ou apartamento em um parque de diversões.

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Se não dá para viajar, a ideia é transformar a casa ou apartamento em um parque de diversões.
“O recesso escolar faz com que os pais tenham a preocupação em proporcionar atividades de lazer para ocupação do tempo livre dos seus filhos. Além de ser um bom período de descanso às crianças, é também uma oportunidade de construir novas relações sociais através do convívio sócio-afetivo com familiares e outras crianças. Por isso, os pais precisam canalizar a energia que provém da garotada para opções sadias e inteligentes de lazer”, sugere Tiago Aquino, o Paçoca, presidente da Associação Brasileira de Recreadores (ABRE – abrerecreadores.com).

É brincando que se aprende

É que quando chega a temporada de férias, muitos pais se desesperam sem saber como distrair as crianças sem saber como improvisar em casa as brincadeiras. Independentemente da faixa etária, estimulá-las a se mexer é essencial para evitar o sedentarismo infantil e também para que possam extravasar a energia. Rodrigo Assi, preparador físico e treinador Máster do Core 360°, destaca que o importante é usar brincadeiras com movimentos do treinamento funcional e muita diversão para “brincar treinando” e animar e desenvolver a criançada durante as férias.

E brincadeira é coisa séria. Aquino conta que é justamente por meio delas que as crianças ampliam seus conhecimentos sobre si, sobre os outros e sobre o mundo ao redor, desenvolvem as múltiplas linguagens, exploram e manipulam objetos, organizam pensamentos, descobrem e agem com as regras, assumem o papel de líderes e se socializam com outras crianças, preparando-se para o mundo. É por meio das atividades lúdicas que os pequenos “treinam” para serem adultos.

O que fazer com as crianças nas férias em casa?

Assi ensina a improvisar em casa as atividades para “gastar a bateria” da turminha: “posso criar situações nas quais coloco dois pontos: um verde e outro amarelo e falo pra criança que quando eu gritar o nome da cor, ela tem que correr, tocar o ponto e voltar. Se eu falar uma outra cor, como vermelho, por exemplo, ela tem que correr de frente e voltar de costas”, ensinando a trabalhar a atenção e concentração dos pequenos.

Com o auxílio de móveis e objetos é possível até criar movimentos semelhantes ao do treinamento funcional para os pequenos. “Estamos falando de um trabalho específico e que deve ser orientado e acompanhado por um profissional, principalmente falando de crianças, que possuem peculiaridades que precisam ser respeitadas”, alerta o professor especialista Raul Junior, ou Tio Chambinho (www.tiochambinho.com.br), como também é conhecido, de Brasília (DF) e que ministra cursos para quem quer aprender a desenvolver cursos e brincadeiras.

Com muita energia e disposição, não é incomum que as crianças explorem mais e, por vezes, acabem em traquinagens que vão além do permitido, como lembra Paçoca. “É importante estabelecer regras e criar caminhos para que toda essa energia seja bem distribuída e direcionada, afinal, como podemos reclamar que nossos filhos ficam tempo demais na frente do computador se não oferecemos opções de lazer. Estimular novas práticas de lazer pode ser um grande desafio aos pais nesse período de férias.”

Atividade física para toda família

Os circuitos de exercícios pode ser uma opção para distrair crianças de faixas etárias diferentes, criando atividades físicas que possam ser feitas por todos com interação e respeito às limitações de cada um.
Sem se dar conta de que estão aprendendo, os pequenos lidam com questões cotidianas por meio das brincadeiras propostas pelos cuidadores nas férias – sejam eles os pais ou profissionais de Educação Física contratados para entretê-los: “tem que provocar também: dizer que a criança só pode correr quando eu disser ‘já’ e aí só fala ‘valendo’, pra mostrar pra ela que existem regras e disciplina, provocar mesmo e mostrar que no grupo há respeito ao colega, ao espaço do outro, ao que é pedido”, propõe Rodrigo Assi.

“O momento de brincar pode ser proveitoso pra criança aprender algumas coisas como ganhar e perder, dividir material, se relacionar com as pessoas. O filho único ficar restrito dentro de casa e sozinho e trazer amiguinhos, parentes ou levá-lo na casa deles pode ser bem proveitoso”, conta Chambinho, que ressalta que a brincadeira deve ser sempre prazerosa e se o cunho pedagógico se sobressair muito, pode prejudicar o objetivo principal que é a diversão.
O uso dos vídeo games não é totalmente ruim, quando o eletrônico é usado com moderação e, mais especificamente, quando ajuda a turminha a se mexer, como alguns modelos à venda atualmente. Além disso, Aquino lembra que os games têm auxiliado o aumento da capacidade cognitiva nas últimas décadas.

“Várias pesquisas na Europa e nos EUA comprovam que o jogo Wii Fit Plus é um game capaz de contribuir para a redução do sedentarismo infantil por permitir que se faça um programa de exercícios sob medida, usando o guia na tela e escolhendo entre ioga ou posições difíceis de esqui, de acordo com a preferência”, cita Aquino. Além disso, o presidente da ABRE destaca que os acessórios para a plataforma de exercícios físicos ganhou o selo NHS Change4Lige do departamento de saúde britânico, que incentiva as pessoas a adotarem a prática de atividades esportivas e hábitos alimentares saudáveis. Outro ponto positivo desses games é que eles têm sido aproveitados até em academias cariocas para melhorar o condicionamento físico dos alunos.

Chambinho, no entanto, é cauteloso com o uso de games entre as crianças. “A questão é ampla e delicada, mas há professores, como o Cleber Junior e o Alan Queiroz, que desenvolvem trabalhos que já apontam os grandes benefícios da utilização desse tipo de tecnologia.”
Aproveitando espaços da casa para brincar

Os cuidadores podem explorar os espaços dos quais dispõem da melhor forma possível. Quem mora em apartamento, pode desenvolver brincadeiras com restrição de movimento ou que mexam com a coordenação dos pequenos, como Assi ensina na hora de pular e mexer os braços para um ou outro lados específicos. É preciso apenas atentar para retirar do caminho dos pequenos os objetos que possam machuca-los caso sejam derrubados, como vasos, porta-retratos etc e, dependendo da idade da criança, prestar atenção especial às baterias, tomadas e quinas.

Aqueles que contam com quintal saem na vantagem para poder desenvolver atividades criativas ou resgatar as antigas brincadeiras, como pular corda, amarelinha, pião, bolinha de gude etc que geram uma proximidade entre pais e filhos, uma vez que, segundo Chambinho, muitas crianças não conhecem essas brincadeiras e os pais precisarão ensiná-las, tornando a atividade lúdica uma ferramenta de socialização e aproximação da família.

Praças, parques, clubes e playgrounds também podem ser aproveitados para o uso das brincadeiras, desde que os cuidadores não se distraiam com a molecada, que ágil, pode se perder ou se machucar nestes ambientes públicos.

Ideias bacanas para fazer com os filhos nas férias
Confira algumas dicas dos profissionais para entreter a turminha em casa, no clube, no apartamento e no condomínio:

- “Posso propor uma conta e, se o resultado dela for par, a criança corre de frente pro ponto colorido. Se eu bater uma palma, ela salta pra frente; duas palmas, pula pra trás. O ideal é criar situações que tenham movimentação”, exemplifica Assi;]

- Pedir para a criança localizar objetos dentro de casa com uma determinada cor ou formato pode ser uma estratégia para os dias chuvosos, segundo Assi;

- Indicar que a criança passe por cima ou por baixo de um móvel para poder tocar um objeto de determinada cor antes de voltar até o “mestre” também ajuda a trabalhar coordenação, movimento e a noção de espaço;

- Amarelinha: pode ser feita no quintal ou mesmo dentro de casa, com folhas de papel para demarcar os espaços de cada pulo;

- Dança das cadeiras cooperativa: colocam-se uma cadeira pra cada participante, em círculo e de costas uma pra outra. O recreador liga uma música animada e a turminha tem d dançar em volta das cadeiras e quando a música para, todos se sentam. Retira-se uma cadeira e, nas rodadas seguintes retira-se mais outra até sobrarem três cadeiras e todo o grupo estiver sentado, um no colo do outro. “É uma atividade cooperativa e bem interessante para a participação lúdica dos adultos”, diz Paçoca;
- Volençol: Aquino explica que o grupo será formado por quartetos que deverão segurar o lençol, um em cada ponta, ou uma toalha. Eles vão brincar com a bola de voleibol, tentando mantê-la sobre o lençol e sem deixar cair no chão. Em seguida, os quartetos devem interagir realizando lançamentos e recepções das bolas. “Criar estratégias e o trabalho em equipe são os desafios propostos nessa atividade.”;

- Pega-pega dinheiro do ladrão: cada jogador recebe dez notas de dinheiro de papel e um cartão com uma função (policial, vítima ou ladrão) e cada jogador deve manter sua função em segredo. O recreador começa o pega-pega e, ao pegar alguém, os jogadores devem mostrar suas funções. A polícia ganha do ladrão, o ladrão ganha da vítima e a vítima ganha da polícia. O vencedor recebe o dinheiro do jogador perdedor. Após um tempo preestabelecido pelo recreador, deverá ser contado o dinheiro dos jogadores. Vence quem tiver mais dinheiro;

- Ao amigo com carinho: proposta por Paçoca, esta brincadeira requer apenas papel e caneta. Cada participante escolhe um outro integrante no espaço, escreve no papel o nome da pessoa no papel e uma tarefa que ela vai ter que realizar. O recreador fará um sorteio e avisará, nesse momento, que quem vai realizar a tarefa é a pessoa que a escreveu;

- Qual é a música?: o grupo pode brincar em espaços fechados, como um ônibus, por exemplo. Paçoca propõe que o grupo seja dividido em duas equipes e ao tocar um cd com várias músicas de vários ritmos, ao dar stop, alguém deverá seguir cantando a canção. A cada acerto, a equipe ganha um ponto e quem marcar dez pontos primeiro vence a disputa;

- Bingo humano: cada jogador vai receber um pedaço de papel e caneta e vai desenhar uma tabela de jogo da velha com nove quadrantes. “A cartela deverá ser preenchida com o nome e a comida preferida dos jogadores, como Marlene Salada”, explica Aquino. Ao final, recreadores e participantes interagem para preencher a cartela. Ao término, começa o bingo. Alguém é escolhido para começar o jogo e deve selecionar um dos nomes de sua cartela, dizendo em voz alta. Por sua vez, este vai escolher outra pessoa de sua cartela e assim, sucessivamente. Quem preencher a cartela primeiro é o vencedor.

“Brincar é um direito da criança e isso faz parte da vida. Brincando, ela pode transformar sua realidade, além de sentir um prazer enorme com essa atividade. Precisamos é dar as condições necessárias pra que isso aconteça”, conclui o Tio Chambinho.

Por Jornalismo Portal EF

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